WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Foi sob o barulho de helicópteros das redes de TV e os aplausos de cerca de 12 mil pessoas, segundo estimativa da Guarda Civil Municipal de Santo André (ABC), que o corpo de Eloá Cristina Pimentel, 15, foi enterrado ontem, por volta das 9h, no cemitério Santo André.
Abraçada ao filho mais velho, a mãe, Ana Cristina Pimentel da Rocha, acompanhou o enterro sem chorar. Assim como colegas e outros familiares, mãe e filho usavam camisetas estampando o rosto sorridente de Eloá. O semblante da mãe, triste, recebia os flashes das câmeras, enquanto ela beijava botões de rosa vermelhos e os jogava sobre a sepultura.
Ana Cristina deixou o cemitério por volta das 10h, sem falar com a imprensa. Anteontem, ela afirmou que perdoava Lindemberg Alves Fernandes, o ex-namorado da filha, mas que queria justiça. "A Eloá está feliz em um lugar melhor."
Após o enterro, o filho mais novo passou mal. O pai de Eloá não acompanhou a cerimônia.
Das 15h de anteontem, quando começou o velório, até as 10h de ontem, quando o público começou a se dispersar, cerca de 36 mil pessoas visitaram o cemitério, segundo a GCM.
Na chegada do caixão, curiosos e jornalistas invadiram o cerco de fita amarela organizado pelos policiais. Aos gritos, muitos pisavam sobre as tumbas para poder ver o enterro.
Os secretários estaduais Luiz Antonio Guimarães Marrey (Justiça) e Maria Helena Guimarães de Castro (Educação), que já tinham comparecido ao velório, foram ao enterro.
Um dos amigos de Eloá presentes no apartamento quando o Lindemberg invadiu o local, Victor Lopes Campos, 15, estava emocionado. "Não esperava que terminasse assim. Ele falava que ia soltar todo mundo na melhor hora." Segundo ele, Lindemberg alternava calma e agressividade, principalmente com Eloá.

Transplante
A Secretaria de Estado da Saúde encontrou ontem receptores para as córneas de Eloá -o nome dos pacientes não foi divulgado. Os rins, o coração, o pâncreas, o fígado e os pulmões já haviam sido transplantados.