São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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entrevista

Para psiquiatra, jovem achava ser herói de Eloá

RACHEL COSTA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

O psiquiatra forense Guido Palomba, em entrevista à Folha, descreve Lindemberg Fernandes Alves, 22, como detentor de um psiquismo adolescente. "Ele se apossa da menina, ele domina a polícia, ele fala na televisão, ele vira o centro das atenções", analisa o médico.

 

FOLHA - Pelo que o sr. acompanhou, quem é Lindemberg?
GUIDO PALOMBA
- Uma pessoa aparentemente normal. Sem antecedentes que o comprometam, como uso de drogas. Mas ele com 19, ela com 12 [idades de Lindemberg e Eloá no início do namoro], ele dominou a moça. Na cabeça dele, era o grande herói dela. Aí ele toma um "não" e não se conforma. Não há outra possibilidade. Então ele resolve "ir na marra".

FOLHA - As negociações, com várias concessões, e a invasão ao final foram erradas?
PALOMBA
- O Gate é uma das melhores polícias do mundo. Porém, todos erram e aí, erraram. Não podiam deixar a Nayara voltar. Você complica imensamente a situação. Passa de uma vítima para duas.

FOLHA - Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de Choque, disse que a Nayara acalmava a situação na casa.
PALOMBA
- Ela [Nayara] era amiga dela [Eloá] e não dele [Lindemberg]. Portanto vai dar força para ela [Eloá]. Ele fica inclusive sem força dentro [da casa].

FOLHA - Ele perde o espaço que tinha conquistado à força?
PALOMBA
- É. Psicologicamente ele acaba não tendo saída para entregar as armas. Ele foi o grande dominador e perde tudo.

FOLHA - O erro do Gate pode estar na escolha da linha de negociação?
PALOMBA
- O erro é de negociação. Estamos diante de dois adolescentes. Se ele gosta dela, que tem 15, [é porque] o psiquismo dele é um psiquismo de adolescente. Então, as circunstâncias são completamente diferentes.


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