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ANÁLISE
Risco é criar elite em meio a mal remunerados
É preciso recuperar as médias salariais no magistério, para que a carreira volte a atrair os melhores profissionais
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A ausência de incentivos aos
melhores professores na rede
pública é frequentemente citada em estudos sobre a educação
brasileira como um dos entraves à melhoria da qualidade do
ensino. A medida proposta pelo
governo de São Paulo, portanto, tem respaldo na literatura
acadêmica sobre o tema.
Em praticamente todas as
carreiras do setor privado, é
normal que os que mais se destaquem sejam recompensados.
Há, no entanto, um sério risco a ser evitado no caso da educação: criar uma elite de profissionais bem pagos no meio de
uma maioria de professores
com salários seriamente defasados em comparação com outras carreiras de nível superior.
É comum, em reportagens
sobre a qualidade do ensino,
destacar só as piores escolas
-quando o objetivo é enfatizar
os maus resultados da educação brasileira- ou as melhores
-quando se pretende mostrar
que há algumas ilhas de excelência, mesmo no setor público.
Só que o desafio da educação
brasileira não está apenas nas
piores nem, obviamente, nas
melhores. O problema é que, na
média, estamos muito mal
quando comparados com nações desenvolvidas.
Usando a mesma lógica, é importante criar incentivos para
que os melhores professores
sejam mais valorizados.
Mas essa ação não deve ser
feita em prejuízo da perspectiva de que é preciso recuperar as
médias salariais no magistério,
para que a carreira volte a
atrair, mesmo que a médio e
longo prazos, os melhores profissionais formados pelas universidades.
Caso contrário, criaremos,
mais uma vez, uma elite no setor público atendida por bons
professores, enquanto a maioria dos alunos continuará tendo aulas com profissionais mal
preparados e desmotivados.
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