São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Conselho de trânsito amplia uso de insulfilm

Vidro traseiro e laterais da parte de trás do carro podem ser mais escurecidos, passando de 50% de visibilidade para 28%

Norma do Contran prevê utilização de um novo aparelho de fiscalização, que mede o percentual de luminosidade dos vidros

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho Nacional de Trânsito mudou as regras para utilização de películas em veículos -o insulfilm- e a forma como são fiscalizadas.
A nova regra permite que o vidro traseiro e os laterais traseiros sejam mais escurecidos -passando de 50% de visibilidade para 28%. Os vidros da frente continuam com o mesmo índice de visibilidade -75% no pára-brisa e 70% nos vidros laterais do motorista e do passageiro.
A revisão do índice de visibilidade se deu, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), após pedido "da sociedade", que reclamava de segurança e de conforto no banco de trás (por causa do sol).
A permissão de maior escurecimento não soluciona, porém, a questão da segurança do motorista, segundo Orlando Moreira da Silva, coordenador de infra-estrutura de trânsito do Denatran. "Resolve um pouco, sem dúvida. Mas, do vidro dianteiro, o assaltante vê o banco traseiro. Não é a segurança total que alguns pleiteiam, de escurecer até o pára-brisa."
Silva disse ainda que não houve mudança na visibilidade dos vidros dianteiros porque prejudicaria a visualização dos retrovisores durante a noite.
Para utilizar os vidros escurecidos, o veículo precisa ter os dois retrovisores externos. Isso significa que os carros fabricados antes de 1999, quando era obrigatório apenas o espelho retrovisor externo do lado esquerdo, precisam se adaptar.
Para o especialista em trânsito e transporte José Bernardes Felex, a alteração muda pouco a dirigibilidade do veículo porque os motoristas não usam o espelho retrovisor interno para fazer manobras. "Se fosse 100%, não tinha problema. Ou não teria [carros] furgão, baú", disse.
O presidente da ABPTRAN (Associação Brasileira de Profissionais do Trânsito), Julyver Modesto de Araújo, pensa diferente. Para ele, quanto menor for a visibilidade do vidro traseiro, mais difícil é para dirigir.
Araújo, embora admita que a película escurecida traga mais conforto para ocupantes e ajude a preservar equipamentos, disse ver com ressalvas o uso do insulfilm. "O vidro não deve ser muito escuro porque acaba provocando um efeito inverso, porque a pessoa pode estar sendo vítima de um seqüestro relâmpago e ninguém percebe."
Para o comandante do 34º Batalhão da PM em São Paulo, major Ricardo Fernandes de Barros, a mudança não vai evitar os seqüestros ou roubos. Isso porque, diz ele, as vítimas são escolhidas, na maioria das vezes, no shopping, e não quando dirige. "O importante é a pessoa pensar em medidas preventivas de segurança, mas não pode ser só essa [insulfilm]."


Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local


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