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Vazamento de gás pimenta leva 65 pessoas ao hospital
Tubo de gás foi acionado em um centro de triagem de lixo reciclável, em SP
Substância é tóxica e causa irritação no sistema respiratório e nos olhos e falta de ar, podendo levar à morte, diz infectologista
JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Sessenta e cinco pessoas ficaram intoxicadas após o vazamento de um tubo de concentrado de gás pimenta em um
centro de triagem de lixo reciclável em São Mateus (zona leste de São Paulo), ocorrido na
manhã de ontem.
Elas foram encaminhadas a
cinco hospitais da região e foram liberadas em seguidas.
O frasco, com a inscrição "superpepper gas" (supergás de pimenta, em inglês), foi acionado
durante a seleção do material
para reciclagem. Alguns funcionários disseram que o produto estava na esteira de triagem de lixo e foi acionado acidentalmente. Outros, que uma
mulher o teria confundido com
perfume e liberado o gás.
O produto foi fabricado em
Taiwan e tem comercialização
proibida no país, segundo Antonio Carlos Pinheiro, delegado-assistente do 53º DP, onde o
caso foi registrado. É similar ao
usado por policiais para dispersar multidões, mas tem substância ativa mais concentrada,
em um frasco de 24 g. O gás usado no Brasil é apresentado em
embalagens de 55 g, com a
substância mais diluída.
A capsaicina, princípio ativo
do gás, é bastante tóxica mesmo em pequenas quantidades.
Ela causa irritação no sistema
respiratório e nos olhos e falta
de ar, podendo levar à morte, de
acordo com o clínico-geral e infectologista Paulo Olzon, da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo).
Em lugares fechados, como o
centro de triagem, pode atingir
um grande número de pessoas.
"O gás é oleoso e se fixa facilmente nas mucosas. Uma mínima quantidade é extremamente irritante", diz o especialista.
No local, estavam os funcionários da Cooperleste (Cooperativa de Trabalho Singular dos
Coletores de Materiais Recicláveis da Zona Leste) e da Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana de São Paulo).
Ninguém da cooperativa foi
localizado pela reportagem ontem para comentar o assunto.
Responsável
A polícia ainda não sabe
quem acionou o gás. O responsável poderá ser indiciado por
uso de gás asfixiante ou tóxico.
A Limpurb divulgou em nota
que solicitou a abertura de sindicância interna para apurar a
origem do frasco e apontar os
responsáveis pela coleta e destinação do produto.
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