São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vazamento de gás pimenta leva 65 pessoas ao hospital

Tubo de gás foi acionado em um centro de triagem de lixo reciclável, em SP

Substância é tóxica e causa irritação no sistema respiratório e nos olhos e falta de ar, podendo levar à morte, diz infectologista

JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sessenta e cinco pessoas ficaram intoxicadas após o vazamento de um tubo de concentrado de gás pimenta em um centro de triagem de lixo reciclável em São Mateus (zona leste de São Paulo), ocorrido na manhã de ontem.
Elas foram encaminhadas a cinco hospitais da região e foram liberadas em seguidas.
O frasco, com a inscrição "superpepper gas" (supergás de pimenta, em inglês), foi acionado durante a seleção do material para reciclagem. Alguns funcionários disseram que o produto estava na esteira de triagem de lixo e foi acionado acidentalmente. Outros, que uma mulher o teria confundido com perfume e liberado o gás.
O produto foi fabricado em Taiwan e tem comercialização proibida no país, segundo Antonio Carlos Pinheiro, delegado-assistente do 53º DP, onde o caso foi registrado. É similar ao usado por policiais para dispersar multidões, mas tem substância ativa mais concentrada, em um frasco de 24 g. O gás usado no Brasil é apresentado em embalagens de 55 g, com a substância mais diluída.
A capsaicina, princípio ativo do gás, é bastante tóxica mesmo em pequenas quantidades. Ela causa irritação no sistema respiratório e nos olhos e falta de ar, podendo levar à morte, de acordo com o clínico-geral e infectologista Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Em lugares fechados, como o centro de triagem, pode atingir um grande número de pessoas. "O gás é oleoso e se fixa facilmente nas mucosas. Uma mínima quantidade é extremamente irritante", diz o especialista.
No local, estavam os funcionários da Cooperleste (Cooperativa de Trabalho Singular dos Coletores de Materiais Recicláveis da Zona Leste) e da Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana de São Paulo).
Ninguém da cooperativa foi localizado pela reportagem ontem para comentar o assunto.

Responsável
A polícia ainda não sabe quem acionou o gás. O responsável poderá ser indiciado por uso de gás asfixiante ou tóxico.
A Limpurb divulgou em nota que solicitou a abertura de sindicância interna para apurar a origem do frasco e apontar os responsáveis pela coleta e destinação do produto.


Texto Anterior: Campanha: 14% da água consumida em SP é clandestina
Próximo Texto: Para médicos, Marcela,1, é mesmo anencéfala
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.