São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Delegados são afastados por deixar presa com homens

Os três policiais deixarão suas funções durante a investigação da corregedoria

Jovem ficou detida em cela com mais 20 homens, no Pará, por cerca de 1 mês; conselho tutelar afirma que ela tem apenas 15 anos

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Civil do Pará afastou, na noite de anteontem, três delegados envolvidos na prisão da garota que ficou detida em uma cela com cerca de 20 homens por quase um mês, em Abaetetuba (137 km de Belém).
O Conselho Tutelar do município diz que a garota tem menos de 18 anos. Ela disse aos conselheiros ter sofrido abuso sexual dos colegas de cela e que fez sexo em troca de comida. A jovem foi presa em flagrante por furto em 21 de outubro.
Segundo a Polícia Civil, os delegados ficarão afastados das funções durante a investigação do caso pela corregedoria da corporação.
Foram afastados o superintendente regional do Baixo Tocantins, delegado Antônio Fernando da Cunha, a delegada Flávia Verônica, que lavrou o flagrante da jovem e a encaminhou para a carceragem, e o delegado Celso Viana, da delegacia de Abaetetuba.
A Folha tentou ouvi-los, mas a Polícia Civil afirmou que eles não falariam sobre o caso.
Anteontem, Viana disse à Folha que a jovem, ao ser presa, afirmou ter 19 anos e deu um nome que eles suspeitam ser falso. Viana disse também que ela foi colocada com outros detentos, todos homens, porque a delegacia tem apenas uma cela.
À TV Globo, porém, presos de Abaetetuba disseram que a jovem afirmou aos policiais ter menos de 18 anos, mas que eles não deram atenção a isso.

Idade
A idade da jovem também será investigada, pois há duas certidões com dados divergentes.
De acordo com certidão de batismo localizada pelo delegado Cunha com o pai biológico da garota, ela tem 20 anos. Em certidão de nascimento apresentada pelo Conselho Tutelar, a jovem aparece com outro sobrenome e teria 15 anos.
A jovem disse ao conselho que usa o nome do pai biológico, apesar de ter sido registrada com o nome do padrasto, mas afirmou que tem 15 anos.
A mãe da garota mora com o padrasto e outra filha em Vila do Conde, distrito de Barcarena (123 km de Belém). O pai é agricultor e vive no interior de Abaetetuba.
A jovem morava com um tio na cidade. Quando esteve presa, segundo a polícia, não foi procurada por parentes.
A polícia afirmou também que ela já havia sido detida por furto e que se prostituía.
O Conselho Tutelar disse ter localizado a jovem na carceragem de Abaetetuba após denúncia anônima.


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