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Delegados são afastados por deixar presa com homens
Os três policiais deixarão suas funções durante a investigação da corregedoria
Jovem ficou detida em cela com mais 20 homens, no Pará, por cerca de 1 mês; conselho tutelar afirma que ela tem apenas 15 anos
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil do Pará afastou, na noite de anteontem,
três delegados envolvidos na
prisão da garota que ficou detida em uma cela com cerca de 20
homens por quase um mês, em
Abaetetuba (137 km de Belém).
O Conselho Tutelar do município diz que a garota tem menos de 18 anos. Ela disse aos
conselheiros ter sofrido abuso
sexual dos colegas de cela e que
fez sexo em troca de comida. A
jovem foi presa em flagrante
por furto em 21 de outubro.
Segundo a Polícia Civil, os
delegados ficarão afastados das
funções durante a investigação
do caso pela corregedoria da
corporação.
Foram afastados o superintendente regional do Baixo Tocantins, delegado Antônio Fernando da Cunha, a delegada
Flávia Verônica, que lavrou o
flagrante da jovem e a encaminhou para a carceragem, e o delegado Celso Viana, da delegacia de Abaetetuba.
A Folha tentou ouvi-los, mas
a Polícia Civil afirmou que eles
não falariam sobre o caso.
Anteontem, Viana disse à
Folha que a jovem, ao ser presa, afirmou ter 19 anos e deu
um nome que eles suspeitam
ser falso. Viana disse também
que ela foi colocada com outros
detentos, todos homens, porque a delegacia tem apenas
uma cela.
À TV Globo, porém, presos
de Abaetetuba disseram que a
jovem afirmou aos policiais ter
menos de 18 anos, mas que eles
não deram atenção a isso.
Idade
A idade da jovem também será investigada, pois há duas certidões com dados divergentes.
De acordo com certidão de
batismo localizada pelo delegado Cunha com o pai biológico
da garota, ela tem 20 anos. Em
certidão de nascimento apresentada pelo Conselho Tutelar,
a jovem aparece com outro sobrenome e teria 15 anos.
A jovem disse ao conselho
que usa o nome do pai biológico, apesar de ter sido registrada
com o nome do padrasto, mas
afirmou que tem 15 anos.
A mãe da garota mora com o
padrasto e outra filha em Vila
do Conde, distrito de Barcarena (123 km de Belém). O pai é
agricultor e vive no interior de
Abaetetuba.
A jovem morava com um tio
na cidade. Quando esteve presa, segundo a polícia, não foi
procurada por parentes.
A polícia afirmou também
que ela já havia sido detida por
furto e que se prostituía.
O Conselho Tutelar disse ter
localizado a jovem na carceragem de Abaetetuba após denúncia anônima.
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