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Braulina, 70 anos e 1,20 m, salva família de incêndio
Idosa de 44 kg conseguiu arrancar janela por onde os parentes escaparam da morte
Fogo que começou na garagem foi alertado pelo neto de 6 anos; "Não chorei nem tremi, precisava salvar minha família", afirmou
DO "AGORA"
Nem o físico franzino -1,20
m de altura e 44 kg- nem a idade avançada -70 anos- impediram que a aposentada Braulina Vieira da Mota encontrasse
forças para salvar a família de
um incêndio em sua casa, no
bairro Habiteto, em Sorocaba
(87 km da capital paulista), às
13h30 de anteontem.
Braulina, que tem dez filhos,
40 netos e 30 bisnetos, estava
reunida com oito familiares
-entre eles, quatro crianças-
nos fundos de casa, para o almoço, quando o neto Matheus,
6, alertou: "Mãe, a casa da vó está pegando fogo". Como o imóvel passa por reforma, móveis,
roupas e eletrodomésticos estavam guardados na garagem,
onde o fogo começou.
"As roupas fizeram com que
o fogo se alastrasse mais rápido", conta o pedreiro José Ricardo Gonçalves, 24, genro de
Braulina. Ele estava deitado na
cama quando ouviu a gritaria.
"A gente tentou apagar as chamas, mas a água estava fraca",
afirma. Em poucos minutos o
fogo tomou conta do corredor.
Enquanto os parentes tentavam, sem sucesso, apagar as
chamas, a aposentada pensou
rápido. "Subi no fogão e durante dez minutos forcei a grade de
ferro para escapar pela janela
[que dá acesso ao quintal do vizinho]. Eu gritava, mas ninguém ouvia." Com o esforço ela
conseguiu arrebentar a grade e
a família foi socorrida.
Braulina diz que, em nenhum momento, ficou apavorada. "Não chorei nem tremi.
Naquele momento precisava
salvar minha família", diz.
O fogo durou uma hora e
meia e pode ter sido causado
por um curto-circuito.
Bercinho da neta
Ontem, a dona-de-casa Maria de Lourdes Pereira, 56, levou duas sacolas com mantimentos para a idosa. Ela ficou
contente ao saber da ajuda, mas
lembrou que perdeu o bercinho
da neta Juliana, de 2 meses, que
custou R$ 400. "Ainda estou
pagando as prestações", diz.
Apesar das dificuldades,
Braulina diz que o maior problema foi resolvido. "Está todo
mundo vivo, agora Deus dá um
jeito". A aposentada, que há 20
anos colhia cacau no interior da
Bahia, mora em Sorocaba há 16.
Trabalhou por oito anos como
ajudante de cozinha de um hotel e, mesmo aposentada, ainda
costura para ajudar os filhos.
Ela ainda encontra tempo
para dançar forró e ir aos cultos
da Igreja Assembléia de Deus,
onde diz ter encontrado forças
para não se abater com a morte
do marido, há um ano, e com a
prisão de um filho, acusado de
homicídio, neste ano.
(FABIANO NUNES)
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