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Prefeitura exige mais verde em prédios novos
Ao menos 20% da área do terreno deverá ser coberta por grama ou terra para absorver água da chuva e ajudar a atenuar impacto de enchentes
Medida da gestão do prefeito Gilberto Kassab entrou em vigor dia 10; taxa anterior de área permeável na cidade de SP era de 15%
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
ampliou a exigência de manutenção de áreas verdes para a
aprovação de novas construções na cidade. Com a medida,
cada terreno onde for erguido
um empreendimento deverá
manter, no mínimo, 20% da vegetação -terra ou grama- para
absorver a água da chuva e ajudar a amenizar o problema das
enchentes na capital. Antes, a
exigência era de 15%.
A mudança foi fixada por
meio de portaria da Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente,
publicada no último dia 10, dois
dias após uma enchente que
voltou a parar a cidade. Em alguns pontos, como no Jardim
Pantanal, a água baixou apenas
ontem.
O decreto prevê ainda que a
manutenção da vegetação seja
feita "preferencialmente em
bloco único, visando assegurar,
entre outros aspectos, a infiltração das águas pluviais, a conservação da biodiversidade, a
mitigação da formação de ilhas
de calor e da poluição sonora e
atmosférica".
Embora a nova exigência da
gestão do prefeito Gilberto
Kassab (DEM) seja considerada positiva por especialistas, é
consenso entre eles que, sozinha, ela não é capaz de mitigar
o problema das enchentes.
"Nem sempre quando há terra, há absorção", diz o arquiteto
Bruno Roberto Padovano,
coordenador do Nutau (Núcleo
de Pesquisa em Tecnologia da
Arquitetura e Urbanismo), da
USP. Segundo ele, a cidade tem
vários pontos onde o lençol
freático é elevado. Nesses locais, a capacidade de absorção
do solo é bastante restrita.
Participação
Como esses terrenos já têm
água demais, o simples aumento da área, na visão do arquiteto, não vai interferir em nada
no aumento da absorção da
chuva. "Há quem argumente
que a ampliação da marginal
Tietê tornará o local menos
permeável. Mas ele já é pouco
permeável, porque o lençol está
muito elevado", diz.
Para Padovano, a secretaria
deveria informar como chegou
a esse cálculo de 20% de área
permeável. "A medida afeta os
interesses dos proprietários de
terrenos e do mercado imobiliário. É importante que a sociedade participe da decisão",
afirma o arquiteto.
Plano global
Já de acordo com Álvaro Rodrigues dos Santos, geólogo e
ex-diretor de Planejamento e
Gestão do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas), como
as cheias envolvem não apenas
o município, mas toda a região
metropolitana, seria necessário um "plano global" para lidar
com a questão.
Segundo ele, todos os municípios da Bacia do Alto Tietê deveriam exigir que as novas edificações fossem capazes de reter ou armazenar a mesma
quantidade de água de chuva
que seria retida naquele espaço
se ele estivesse coberto por vegetação. "Isso também aliviaria
a necessidade de implantação
dos deletérios piscinões", diz.
Ainda segundo Santos, outra
medida positiva seria que as
prefeituras oferecessem desconto de IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) para
quem implantasse canteiros
com plantas na calçada.
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