São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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Após ameaças, Kassab veta blitz em feira

Fiscalização na Feirinha da Madrugada é suspensa depois da morte de camelô e da intimidação de membros da prefeitura

Em nota, secretaria diz que trabalhos estão "em fase de levantamento e identificação dos problemas" na região

EVANDRO SPINELLI
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

A morte do sindicalista Afonso José da Silva, 41, conhecido como Afonso Camelô, e ameaças de morte a integrantes da prefeitura fizeram o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), suspender pelo menos até o Natal a fiscalização da Feirinha da Madrugada.
Afonso Camelô foi assassinado no dia 15 na sede do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo, entidade que ele dirigia.
A polícia investiga uma relação entre a morte do sindicalista e a briga por espaço na Feirinha da Madrugada, no Brás (centro de SP) -um tipo de entreposto de camelôs que vende produtos para sacoleiros de todo o país.
Após a morte do camelô, a situação ficou ainda mais tensa. Os sete integrantes do grupo gestor nomeado por Kassab para definir o que será feito da feira começaram a receber ameaças de morte.
A Folha apurou que o coordenador do grupo, José Franklin Delano Matos, ex-subprefeito do Jabaquara, está sob escolta da Polícia Militar e será substituído por um coronel da reserva da PM.

DISPUTA
Metade do espaço da Feirinha da Madrugada é controlada por dois sindicatos de camelôs. No mês passado, Afonso liderou uma invasão de 900 ambulantes no local para disputar o ponto de venda. Dias depois, no entanto, eles foram expulsos.
Os camelôs que trabalham na feirinha têm de pagar mensalidade aos sindicatos para poder montar barracas.
A hipótese considerada mais forte para esclarecer o crime, segundo a polícia, é que algum inimigo de Afonso tenha encomendado o assassinato do sindicalista.
Nos últimos meses, o sindicalista fez ao menos três denúncias que envolviam a ação de grupos rivais que lutam pela administração da Feirinha da Madrugada.
Uma das denúncias, registrada em cartório e apresentada aos ambulantes em reunião, trata de uma suposta ação da máfia chinesa junto aos camelôs do bairro.
A prefeitura fiscalizava o local para evitar fraudes como pagamento de aluguel para usar o espaço e sonegação de notas e impostos.

PREFEITURA
A prefeitura não nega que os trabalhos de fiscalização estejam suspensos. Em nota, a Secretaria das Subprefeituras informou que os trabalhos atualmente estão "em fase de levantamento e identificação dos problemas para que possam ser adotadas as soluções mais indicadas".
A Folha deixou recados para os dirigentes dos dois sindicatos de camelôs, mas não obteve resposta.


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