|
Texto Anterior | Índice
Falta de água quente dificulta limpeza
ANA WAMBIER
free-lance para Folha
As aves resgatadas da área atingida pelo óleo na Baía de Guanabara esperaram ontem a manhã
inteira por um banho que tirasse
o óleo retido nas suas plumagens.
A demora pode provocar a intoxicação dos pássaros.
Segundo Lauro Barcellos, oceanógrafo da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul)
convidado pela Petrobras especialmente para a operação, a água
para o tratamento dos animais
tem que ser quente, mas o local
em que as aves se encontravam -
uma tenda na praia do Limão, na
região de Guapimirim, a 83 Km
do Rio - não tem acesso a um
aquecedor termoelétrico.
A Petrobras havia prometido
desde anteontem que levaria um
caminhão equipado com aquecedor para fornecer a água quente,
mas até às 13h de ontem nada tinha sido disponibilizado.
Somente meia hora depois o caminhão chegou, mas não pôde
prover a água porque no local a
rede de energia elétrica não era
trifásica. "É uma excepcionalidade, um daqueles azares que a gente conhece como Lei de Murphy",
disse Ângelo Santos, engenheiro
da empresa.
À tarde a CERJ (Companhia
Elétrica do Rio de Janeiro) já estava sendo contatada para resolver
o problema.
O primeiro dos 29 pássaros resgatados só começou a ser lavado
às 14h30min, depois que voluntários de diversas ONGs (organizações não-governamentais) resolveram não esperar mais por ajuda
e aquecer a água num fogão de
duas bocas improvisado.
Cada animal levou em média 20
a 30 minutos para ser limpo. Se
mais nenhuma outra ave for capturada, os veterinários e ajudantes deverão levar quase 13 horas
para acabar a operação.
Segundo Barcellos, especialista
em operações de recuperação de
animais marinhos, o ecossistema
da região deverá se recuperar em
um ano ou dois anos no máximo.
"A natureza tem um alto poder de
regeneração".
Pescadores do local, que não sabem quando poderão voltar a trabalhar, ainda não tinham sido
contatados pela Petrobras. Valmir de Oliveira, 47, não acredita
que a empresa pague as indenizações prometidas.
Texto Anterior: Óleo pode atingir praias da zona sul do Rio Índice
|