|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Óleo pode atingir praias da zona sul do Rio
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
RAPHAEL GOMIDE
free-lance para a Folha
Resíduos da mancha de óleo
causada pelo vazamento de um
duto da Petrobras na baía de Guanabara ultrapassaram a ponte
Rio-Niterói e podem chegar às
praias da zona sul do Rio.
A informação foi dada à Folha
pelo presidente do IEF (Instituto
Estadual de Florestas), André
Ilha, que sobrevoou ontem de
manhã a baía.
A Petrobras não confirmou a
informação. Segundo técnicos da
empresa, a mancha está ainda a 9
km da ponte. Na região estão sendo instaladas bóias de contenção,
como determinou uma liminar
obtida sexta-feira pela Procuradoria do Município do Rio.
O presidente da IEF, um órgão
do governo do Rio, disse que a
mancha está bem menos concentrada do que nos últimos dias e a
tendência é que os resíduos se dispersem em alto-mar. André Ilha
minimizou os possíveis efeitos da
poluição nas praias da orla.
"Isso causaria um transtorno
maior à população mas, em termos ambientais, é muito mais
grave o óleo permanecer concentrado na baía, uma área fechada.
A quantidade que chegaria às
praias seria residual e facilmente
removível", disse.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, anunciou
ontem à tarde a demissão do diretor corporativo da empresa, Carlos Affonso Aguiar Teixeira, responsável pela área ambiental, e do
superintendente de meio ambiente, José Carlos Aguiar.
Segundo Reichstul, eles não foram diretamente responsáveis
pelo desastre, mas a área precisa
ser reestruturada e ficará diretamente subordinada à presidência.
"A questão ambiental numa companhia de petróleo tem que ter
uma importância muito maior do
que a que tinha", disse.
Reichstul anunciou também a
contratação de uma empresa britânica, a Oil Spill Emergency Response, que chegará hoje ao Rio
num avião cargueiro com mais
equipamentos para conter a mancha de óleo.
Na sexta-feira, a Petrobras admitiu que 1,3 tonelada de óleo vazou na baía na madrugada da última terça-feira, por causa do rompimento de um duto que liga a
Reduc (Refinaria Duque de Caxias) ao reservatório da Ilha d'Água. Uma falha de projeto causou
o rompimento do duto e o vazamento se prolongou por cerca de
quatro horas, porque o sistema
eletrônico que deveria detectar o
derrame não funcionou.
O governador Anthony Garotinho, que também sobrevoou a
baía de manhã, anunciou que, depois de telefonar para o presidente Fernando Henrique Cardoso,
conseguiu uma promessa de liberação de R$ 50 milhões para ajudar na despoluição da baía. Segundo o governador, o presidente
vai repassar ao Estado o valor da
multa que deverá ser aplicada à
Petrobras pelo Ministério do
Meio Ambiente.
O Rio começou a receber ontem
ajuda internacional para enfrentar os efeitos do vazamento. A primeira especialista estrangeira a
chegar ao Rio foi a química inglesa Karen Purnell, que desembarcou ontem de manhã na cidade.
Ela é integrante da ITOPF (Federação Internacional de Donos
de Petroleiros), entidade com sede em Londres fundada em 1968
por grandes proprietários de navios do mundo para atuar em acidentes ecológicos causados por
derramamentos de óleo.
Karen Purnell, que integra a Sociedade Real de Química Britânica, se reuniu ontem à tarde com
representantes da Petrobras e da
Feema (Fundação Estadual de
Engenharia em Meio Ambiente),
na Reduc. Ela também sobrevoou
a região para ajudar a traçar uma
estratégia para a retirada do óleo.
Texto Anterior: Artigo - Marcelo Coelho: Não temos cidadãos, temos paulistanos Próximo Texto: Falta de água quente dificulta limpeza Índice
|