São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


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Óleo pode atingir praias da zona sul do Rio

RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio

RAPHAEL GOMIDE
free-lance para a Folha

Resíduos da mancha de óleo causada pelo vazamento de um duto da Petrobras na baía de Guanabara ultrapassaram a ponte Rio-Niterói e podem chegar às praias da zona sul do Rio.
A informação foi dada à Folha pelo presidente do IEF (Instituto Estadual de Florestas), André Ilha, que sobrevoou ontem de manhã a baía.
A Petrobras não confirmou a informação. Segundo técnicos da empresa, a mancha está ainda a 9 km da ponte. Na região estão sendo instaladas bóias de contenção, como determinou uma liminar obtida sexta-feira pela Procuradoria do Município do Rio.
O presidente da IEF, um órgão do governo do Rio, disse que a mancha está bem menos concentrada do que nos últimos dias e a tendência é que os resíduos se dispersem em alto-mar. André Ilha minimizou os possíveis efeitos da poluição nas praias da orla.
"Isso causaria um transtorno maior à população mas, em termos ambientais, é muito mais grave o óleo permanecer concentrado na baía, uma área fechada. A quantidade que chegaria às praias seria residual e facilmente removível", disse.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, anunciou ontem à tarde a demissão do diretor corporativo da empresa, Carlos Affonso Aguiar Teixeira, responsável pela área ambiental, e do superintendente de meio ambiente, José Carlos Aguiar.
Segundo Reichstul, eles não foram diretamente responsáveis pelo desastre, mas a área precisa ser reestruturada e ficará diretamente subordinada à presidência. "A questão ambiental numa companhia de petróleo tem que ter uma importância muito maior do que a que tinha", disse.
Reichstul anunciou também a contratação de uma empresa britânica, a Oil Spill Emergency Response, que chegará hoje ao Rio num avião cargueiro com mais equipamentos para conter a mancha de óleo.
Na sexta-feira, a Petrobras admitiu que 1,3 tonelada de óleo vazou na baía na madrugada da última terça-feira, por causa do rompimento de um duto que liga a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) ao reservatório da Ilha d'Água. Uma falha de projeto causou o rompimento do duto e o vazamento se prolongou por cerca de quatro horas, porque o sistema eletrônico que deveria detectar o derrame não funcionou.
O governador Anthony Garotinho, que também sobrevoou a baía de manhã, anunciou que, depois de telefonar para o presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguiu uma promessa de liberação de R$ 50 milhões para ajudar na despoluição da baía. Segundo o governador, o presidente vai repassar ao Estado o valor da multa que deverá ser aplicada à Petrobras pelo Ministério do Meio Ambiente.
O Rio começou a receber ontem ajuda internacional para enfrentar os efeitos do vazamento. A primeira especialista estrangeira a chegar ao Rio foi a química inglesa Karen Purnell, que desembarcou ontem de manhã na cidade.
Ela é integrante da ITOPF (Federação Internacional de Donos de Petroleiros), entidade com sede em Londres fundada em 1968 por grandes proprietários de navios do mundo para atuar em acidentes ecológicos causados por derramamentos de óleo.
Karen Purnell, que integra a Sociedade Real de Química Britânica, se reuniu ontem à tarde com representantes da Petrobras e da Feema (Fundação Estadual de Engenharia em Meio Ambiente), na Reduc. Ela também sobrevoou a região para ajudar a traçar uma estratégia para a retirada do óleo.



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