São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Número de bebês de mães muito jovens cresceu 29%

Em 2005, foram 27 mil filhos de mães com menos de 15 anos, 11 mil a mais que em 1994

Dados constam em relatório sobre Brasil do Unicef , que diz desconhecer motivos; fenômeno é mais acentuado no Nordeste e no Norte

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório do Unicef sobre a infância divulgado ontem mostra que existem cada vez mais filhos nascidos de mães muito jovens no Brasil. O número de bebês de mães com menos de 15 anos aumentou quase um terço (29%) entre 1994 e 2005 no país.
Embora o fenômeno tenha sido mais acentuado no Norte e no Nordeste, o crescimento ocorreu em todas as regiões do país. No Nordeste, o avanço foi de 37,7%; no Sudeste, de 8,6%. Mesmo a região Sul apresentou alta de 24,4%.
Esse é um dos pontos considerados mais preocupantes pelo Unicef, uma vez que a idade da mãe é considerada um dos fatores que influenciam na mortalidade infantil.
Em 1994, de cada mil nascidos vivos no país, 6,9 eram filhos de meninas com menos de 15 anos de idade. Em 2005, já eram 8,8. Em outras palavras, naquele ano, 27 mil bebês nasceram de mães crianças ou adolescentes -9.000 a mais que o registrado 11 anos antes.
Nem a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, disse saber explicar o que está ocorrendo no país.
De acordo com ela, não há um padrão internacional para a variação do número de mães adolescentes.
"Na Ásia meridional, há uma questão cultural -as mães se casam muito jovens", diz. "No Brasil, não. As pessoas não ficam escandalizadas quando o governo fala em métodos contraceptivos. O país informa, e a pessoa se posiciona."
A representante do Unicef lembra que é preocupante também o número de mães adolescentes um pouco mais velhas -até 19 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 20% dos partos são de mães de 10 a 19 anos.
No caso da região Norte, o número sobe para 28,5%, sempre de acordo com dados de 2005; no Nordeste, o índice era de 25,1%.
A gravidez precoce é apontada também como uma das causas da mortalidade materna -no Brasil, o indicador cresceu 2,1% entre 2000 e 2005.
Os números, porém, costumam variar de acordo com a fonte. Uma vez que se considera que existe um grande número de casos que nem chegam a ser comunicados às autoridades de saúde, principalmente por conta da proibição do aborto, o Unicef multiplica por 1,4 o número de registros.
Por esse cálculo, enquanto a mortalidade materna no Brasil caiu entre 2000 e 2006 de 48,2 a cada mil nascidos vivos para 40,7, no Centro-Oeste ela subiu de 39,1 para 54,5 a cada mil nascidos vivos. (ANGELA PINHO)


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