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Kassab já admite desistir de faixa para motos
Prefeito disse ontem que os resultados parciais do teste realizado desde segunda na avenida 23 de Maio "não são favoráveis"
Secretário dos Transportes reconheceu "desconforto" causado aos motoristas e disse que a experiência
vai continuar até amanhã
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após dois dias de trânsito
carregado na avenida 23 de
Maio, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já admite desistir do
corredor exclusivo para motos,
em teste desde segunda.
Kassab disse ontem que os
dados parciais sobre o teste
"não são favoráveis" e que a experiência "muito possivelmente não terá seqüência". "As simulações e os dados analisados
pela CET não favorecem a manutenção dessa exclusividade
para as motos na 23 de maio."
A média de congestionamento na avenida, que durante todo
o ano de 2006 ficou entre 2,5 e
3 km, foi mais que o dobro do
normal nos dois dias em que
uma das cinco pistas ficou reservada às motos: 5,1 km na segunda-feira e 7 km ontem. Isso
em plenas férias.
O secretário municipal dos
Transportes, Alexandre de Moraes, esteve ontem à tarde com
Kassab. Em nota, Moraes reconheceu o "desconforto" causado aos motoristas. Ele disse que
a experiência deve continuar
por mais dois dias -anteriormente previsto até o dia 25, o
teste acabará amanhã, em razão do feriado na sexta.
"Queremos terminar os dias
de experiência para verificar se
há essa compensação da piora
da fluidez com a melhora da segurança dos motoqueiros", disse Moraes ontem. Segundo ele,
no trecho de 2,9 km onde funciona o teste, não há registro de
acidentes desde segunda-feira.
Ontem, dois acidentes sem
gravidade envolvendo motos
ocorreram fora do trecho.
Embora a prefeitura justifique a faixa exclusiva como uma
medida de segurança, a 23 de
Maio não está entre as vias
mais perigosas para os motoqueiros. Em todo o ano de
2006, segundo a prefeitura, um
motoqueiro morreu ali. Na avenida Aricanduva, na zona leste,
houve 11 mortes. A prefeitura
diz não ter dados sobre 2007.
"Larga demais"
Após a reunião com Kassab, o
secretário recebeu entidades
de motoboys e motociclistas
para discutir a faixa na 23 de
Maio, a proibição da circulação
de motos nas vias expressas das
marginais a partir do dia 11 e a
regulamentação da lei do motofrete (que prevê novas taxas).
O Sindicato dos Mensageiros
Motociclistas, que anteontem
elogiara a faixa exclusiva, ontem a criticou. "Ficou muito
larga e deixou os motoristas
chateados com os motoboys.
Deveria ser mais estreita, como
na Sumaré", disse Gilberto dos
Santos, presidente da entidade.
Mesma opinião tinham motoristas e usuários de ônibus.
"Não tem espaço para criar um
corredor para ônibus, imagina
para motos", disse a agente de
companhia aérea Estela de Lima, 25, que levou cerca de 50
minutos -30 a mais que o normal- de Congonhas (zona sul)
para a Mooca (zona leste).
"Gosto da idéia, mas tem de
ser mais estreita", diz o empresário Antonio Espínola, 53.
Segundo a gestora de segurança da CET Heloísa Martins,
não é possível criar um corredor mais estreito, pois as faixas
da 23 de Maio já sofreram redução em 2006, quando a via ganhou uma faixa (são cinco).
Ontem a CET registrou o
maior percentual de congestionamento de janeiro -95 km
em toda a cidade, às 11h30. Nesse horário, a Folha mediu o
tempo de viagem no corredor
norte-sul. O congestionamento
estava pior no sentido centro.
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