São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Kassab já admite desistir de faixa para motos

Prefeito disse ontem que os resultados parciais do teste realizado desde segunda na avenida 23 de Maio "não são favoráveis"

Secretário dos Transportes reconheceu "desconforto" causado aos motoristas e disse que a experiência vai continuar até amanhã

RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após dois dias de trânsito carregado na avenida 23 de Maio, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já admite desistir do corredor exclusivo para motos, em teste desde segunda.
Kassab disse ontem que os dados parciais sobre o teste "não são favoráveis" e que a experiência "muito possivelmente não terá seqüência". "As simulações e os dados analisados pela CET não favorecem a manutenção dessa exclusividade para as motos na 23 de maio."
A média de congestionamento na avenida, que durante todo o ano de 2006 ficou entre 2,5 e 3 km, foi mais que o dobro do normal nos dois dias em que uma das cinco pistas ficou reservada às motos: 5,1 km na segunda-feira e 7 km ontem. Isso em plenas férias.
O secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, esteve ontem à tarde com Kassab. Em nota, Moraes reconheceu o "desconforto" causado aos motoristas. Ele disse que a experiência deve continuar por mais dois dias -anteriormente previsto até o dia 25, o teste acabará amanhã, em razão do feriado na sexta.
"Queremos terminar os dias de experiência para verificar se há essa compensação da piora da fluidez com a melhora da segurança dos motoqueiros", disse Moraes ontem. Segundo ele, no trecho de 2,9 km onde funciona o teste, não há registro de acidentes desde segunda-feira.
Ontem, dois acidentes sem gravidade envolvendo motos ocorreram fora do trecho.
Embora a prefeitura justifique a faixa exclusiva como uma medida de segurança, a 23 de Maio não está entre as vias mais perigosas para os motoqueiros. Em todo o ano de 2006, segundo a prefeitura, um motoqueiro morreu ali. Na avenida Aricanduva, na zona leste, houve 11 mortes. A prefeitura diz não ter dados sobre 2007.

"Larga demais"
Após a reunião com Kassab, o secretário recebeu entidades de motoboys e motociclistas para discutir a faixa na 23 de Maio, a proibição da circulação de motos nas vias expressas das marginais a partir do dia 11 e a regulamentação da lei do motofrete (que prevê novas taxas).
O Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, que anteontem elogiara a faixa exclusiva, ontem a criticou. "Ficou muito larga e deixou os motoristas chateados com os motoboys. Deveria ser mais estreita, como na Sumaré", disse Gilberto dos Santos, presidente da entidade.
Mesma opinião tinham motoristas e usuários de ônibus. "Não tem espaço para criar um corredor para ônibus, imagina para motos", disse a agente de companhia aérea Estela de Lima, 25, que levou cerca de 50 minutos -30 a mais que o normal- de Congonhas (zona sul) para a Mooca (zona leste).
"Gosto da idéia, mas tem de ser mais estreita", diz o empresário Antonio Espínola, 53.
Segundo a gestora de segurança da CET Heloísa Martins, não é possível criar um corredor mais estreito, pois as faixas da 23 de Maio já sofreram redução em 2006, quando a via ganhou uma faixa (são cinco).
Ontem a CET registrou o maior percentual de congestionamento de janeiro -95 km em toda a cidade, às 11h30. Nesse horário, a Folha mediu o tempo de viagem no corredor norte-sul. O congestionamento estava pior no sentido centro.


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