São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Burle Marx é o melhor parque de SP, diz estudo

Parque no Morumbi lidera ranking que avaliou estrutura e conservação de 41 locais

Entre os seis primeiros da lista, três estão na zona oeste e dois na sul, segundo a análise do Sindicato de Arquitetura e Engenharia

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre a grama bem cortada, as flores e as placas com nomes das árvores, segue uma das três trilhas do parque Burle Marx, no Morumbi, zona oeste de São Paulo, região que concentra três dos seis melhores parques da cidade, segundo estudo do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e Engenharia) -no topo do qual está o Burle Marx.
É lá que, todos os dias, a assessora trilíngue Irona Ozio, 27, corre para manter a saúde. Ela sai de casa, no condomínio Panamby, caminha alguns metros e chega à trilha. "O parque é lindo. Não tem farofa, tem trilhas limpinhas, micos e pássaros que dão a sensação de estar fora de São Paulo, mesmo ao lado da marginal [Pinheiros]."
Mas nem todos os paulistanos têm essa sorte. Dos seis melhores parques de São Paulo, segundo o Sinaenco, três estão na zona oeste e dois na zona sul. Um só está na zona norte -não há nenhum na leste, justamente a mais populosa.
O Sinaenco avaliou a estrutura e a conservação de 41 parques estaduais e municipais da cidade. Desses, 30% foram tidos como bons e ótimos; 50%, regulares; e 20%, como ruins, levando-se em conta oito itens: área verde, playground, quadras, equipamentos de ginástica, pista ou trilhas, acessibilidade, sanitários e bebedouros.
"Em uma cidade inóspita para se viver como São Paulo, extremamente poluída, onde se locomover é algo penoso, os espaços de lazer e dispersão são quase só os parques", diz o arquiteto Pedro Taddei, coordenador do estudo. Segundo ele, a cidade tem 6 m2 de parque por habitante, "menos de metade do mínimo aceito pela Unesco".
Segundo a prefeitura, São Paulo tem hoje 23 milhões de metros quadrados de parques (são 50). A projeção é de 50 milhões de metros quadrados até 2012. "E a distribuição será mais equilibrada. Teremos parques em 100% das subprefeituras", diz o secretário municipal do Verde, Eduardo Jorge. "Os investimentos novos serão na periferia." O orçamento para fazer a manutenção dos parques (inclusa a segurança) é de R$ 38,4 milhões em 2009.
"Mas não basta ter parque, é preciso fazer a manutenção deles", diz Taddei, que elenca os principais problemas apontados no estudo, feito em outubro e novembro de 2008: acessibilidade (44% de ruim ou regular) e a conservação de quadras e playgrounds.
A prefeitura condiciona as notas ruins à demanda alta. "Como a zona leste tem 4 milhões de habitantes e um investimento histórico de parques pequeno, o desgaste é maior", diz Jorge.
Mas o Ibirapuera, o Água Branca e o Villa-Lobos, os três mais visitados, estão entre os sete mais bem avaliados. Jorge disse que há outras questões. "No Chico Mendes, por exemplo, há infiltrações que vêm da rua. Tem que resolver o problema do bairro antes."
"Tudo depende da especificidade de cada parque", diz Taddei. "O Burle Marx tem a melhor posição devido ao difícil acesso; por isso, a baixa demanda [é o 19º mais frequentado]".


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