São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Dos seis piores no ranking, quatro estão na zona leste

DA REPORTAGEM LOCAL

No lugar da grama, há lama e mato; os bancos (muitos deles velhos troncos de madeira) estão apodrecendo, úmidos. Mas mais de 50 crianças correm de um lado para outro, no playground e nas duas quadras esportivas. Assim é o parque Chico Mendes, na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo, o pior colocado -ao lado do Raposo Tavares (zona oeste)- no ranking dos parques feito pelo Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e Engenharia).
É também um exemplo do que o sindicato chama de "desequilíbrio entre uso e manutenção", já que, dos seis piores parques da cidade, segundo o estudo, quatro estão na zona leste (além do Chico Mendes, o Raul Seixas, o Santa Amélia e o Chácara das Flores). O melhor colocado da região foi o parque ecológico do Tietê (que é uma reserva florestal).
"Os parques da zona leste são muito frequentados, porque na região não há muita opção de lazer. É onde são mais importantes", diz o arquiteto Pedro Taddei, coordenador do estudo. "Lá o índice de pisoteamento é enorme e a manutenção não acompanha, havendo necessidade de mais recursos."
O secretário municipal do Verde, Eduardo Jorge, diz que o gasto com o Chico Mendes é quase o mesmo que o com o Burle Marx, no Morumbi, zona oeste, o primeiro do ranking do Sinaenco -os parques custam à prefeitura R$ 35 mil e R$ 45 mil, respectivamente.
"A média de gastos de todos os parques da cidade é a mesma", diz Jorge. "Os contratos de segurança e manutenção são semelhantes. Mas depende da pressão da demanda."

"Nóias"
A preocupação maior de Maria Zilda da Silva, 40, uma frequentadora assídua do Chico Mendes, não é com as quadras, já gastas, ou com os buracos no alambrado. "Aqui dá medo é dos "nóias" que vêm usar droga, da insegurança", diz a faxineira, enquanto descansa em um banco do parque.
"Mas é onde dá para esfriar a cabeça", diz, resignada -ela perdeu o emprego e se separou do marido há poucos dias. Ao olhar para o chão, acrescenta: "Se bem que poderia ter mais grama ali ao invés daquela lama onde as crianças brincam. Mas é melhor que nada".


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