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Dos seis piores no ranking, quatro estão na zona leste
DA REPORTAGEM LOCAL
No lugar da grama, há lama e
mato; os bancos (muitos deles
velhos troncos de madeira) estão apodrecendo, úmidos. Mas
mais de 50 crianças correm de
um lado para outro, no playground e nas duas quadras esportivas. Assim é o parque Chico Mendes, na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo, o pior colocado -ao lado do Raposo Tavares (zona oeste)- no ranking
dos parques feito pelo Sinaenco
(Sindicato da Arquitetura e Engenharia).
É também um exemplo do
que o sindicato chama de "desequilíbrio entre uso e manutenção", já que, dos seis piores
parques da cidade, segundo o
estudo, quatro estão na zona
leste (além do Chico Mendes, o
Raul Seixas, o Santa Amélia e o
Chácara das Flores). O melhor
colocado da região foi o parque
ecológico do Tietê (que é uma
reserva florestal).
"Os parques da zona leste são
muito frequentados, porque na
região não há muita opção de
lazer. É onde são mais importantes", diz o arquiteto Pedro
Taddei, coordenador do estudo. "Lá o índice de pisoteamento é enorme e a manutenção
não acompanha, havendo necessidade de mais recursos."
O secretário municipal do
Verde, Eduardo Jorge, diz que
o gasto com o Chico Mendes é
quase o mesmo que o com o
Burle Marx, no Morumbi, zona
oeste, o primeiro do ranking do
Sinaenco -os parques custam
à prefeitura R$ 35 mil e R$ 45
mil, respectivamente.
"A média de gastos de todos
os parques da cidade é a mesma", diz Jorge. "Os contratos
de segurança e manutenção são
semelhantes. Mas depende da
pressão da demanda."
"Nóias"
A preocupação maior de Maria Zilda da Silva, 40, uma frequentadora assídua do Chico
Mendes, não é com as quadras,
já gastas, ou com os buracos no
alambrado. "Aqui dá medo é
dos "nóias" que vêm usar droga,
da insegurança", diz a faxineira,
enquanto descansa em um
banco do parque.
"Mas é onde dá para esfriar a
cabeça", diz, resignada -ela
perdeu o emprego e se separou
do marido há poucos dias. Ao
olhar para o chão, acrescenta:
"Se bem que poderia ter mais
grama ali ao invés daquela lama
onde as crianças brincam. Mas
é melhor que nada".
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