|
Próximo Texto | Índice
CARNAVAL
Em ano de eleição, escola de samba presidida por tucano fala sobre o rio Tietê e exalta o governador e o prefeito
Desfile vira palanque para Alckmin e Serra
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O segundo dia de desfile das escolas de samba do Carnaval de
São Paulo promete polêmica ao
misturar, num ano de eleições, a
festa tradicional com política.
A Leandro de Itaquera, agremiação da zona leste "simpatizante" do PSDB e que, como as
demais, recebe dinheiro dos cofres públicos para preparar a sua
apresentação, vai exaltar os dois
presidenciáveis do partido: Geraldo Alckmin, governador, e José
Serra, prefeito, que estarão representados por bonecos gigantes
em um dos carros alegóricos.
O próprio enredo, aliás, aborda
uma das principais vitrines eleitorais de Alckmin -as obras de rebaixamento da calha do Tietê.
O rio já havia sido tema da
Leandro nos anos 90, mas a escola
resolveu fazer uma repetição com
"roupagem" diferenciada. Vai falar das festas populares do Estado
por meio das águas de "um novo
Tietê", diz seu enredo.
O carnavalesco Anderson Paulino diz que a escolha foi um "pedido" de Alckmin. O presidente,
Leandro Alves Martins, nega.
Filiado ao PSDB, Martins comanda a Leandro desde a sua fundação, em 1982. Em 2002, também ano de eleições, a escola homenageou Mário Covas, governador tucano morto em 2001.
Em 2004, "seu Leandro" foi candidato derrotado do partido a vereador. Mas não desanimou e levou a bateria da escola de samba
para a festa da vitória de Serra.
Martins nega a conotação política do desfile. "É tudo dentro do
enredo. É a história concreta, não
é nada abstrato. O presidente é
partidário, mas a escola é apartidária", diz ele, que afirma ter feito
um boneco com Lula anos atrás.
Martins diz não ter preferência
na disputa entre Alckmin e Serra.
"Sou um soldado. O candidato
que for escolhido eu ajudo."
O carnavalesco Paulino não respondeu de imediato ao ser questionado sobre por que a escola
preparou um boneco de Serra
-já que a obra no Tietê é do governo. Em seguida, citou que ele
teve um "desempenho" no projeto e, sem saber dar detalhes, que a
prefeitura prometeu um terreno
para a Leandro. Assim como a
gestão Serra, Martins nega.
Mas por que, então, um boneco
do Serra? "São Paulo tem duas
grandes festas populares: parada
gay e Carnaval. Elas são de responsabilidade da prefeitura."
No site da Leandro, Martins é só
elogios a Alckmin. "Tamanha dedicação do nosso governador não
poderia passar despercebida pela
minha comunidade", afirma.
A Leandro diz que recebeu da
prefeitura cerca de R$ 300 mil para desfilar no Anhembi, cerca de
metade de seus gastos. O valor,
diz, é igual ao dado às demais.
Próximo Texto: Pasquale Cipro Neto: Carne levare Índice
|