São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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"Imagino a angústia dela", diz filho após golpe do seqüestro

O analista disse que a mãe só acreditou que ele estava bem ao vê-lo no aeroporto

"Os bandidos fizeram um teatro de humor negro perfeito que, pelo visto, infelizmente virou moda em São Paulo", disse Marcos

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um teatro de humor negro, com direito a gritos e lágrimas pelo telefone. Dessa forma, o analista de sistemas Marcos, 31, definiu o drama vivido por sua mãe, dona Joselma, na madrugada de ontem. Filho da aposentada que foi vítima de um falso seqüestro, ele dormia quando policiais chegaram a sua casa, na zona oeste de São Paulo, contando que sua mãe estava no aeroporto de Congonhas pronta para embarcar ao Rio de Janeiro e pagar seu resgate aos golpistas. Quando ele se encontrou com a mãe, no centro médico do aeroporto, ela estava sob efeito de calmantes. "Ela chorou mais ainda", disse o rapaz.

 

FOLHA - Qual foi sua reação ao saber de toda a história pela polícia?
MARCOS
- Como não tenho telefone em casa e havia perdido meu celular no shopping, desci para a portaria e de lá telefonei para minha mãe. Ela atendeu o celular após algumas tentativas, mas não acreditou que era eu e que estava tudo bem. Ela dizia: "Você estava chorando e gritando agora há pouco. Não pode ser". A ligação caiu e decidi ir com os policiais até o aeroporto.

FOLHA - Como foi o encontro de vocês?
MARCOS
- Foi emocionante. Imagino a angústia pela qual minha mãe passou. Os bandidos fizeram um teatro de humor negro perfeito que, pelo visto, infelizmente virou moda em São Paulo.

FOLHA - O que sua mãe contou sobre os bandidos?
MARCOS
- Ela disse que tinham sotaque carioca mas que, em nenhum momento, disseram pertencer a alguma facção. Eles chegaram até a pedir para que ela mudasse de roupa antes de ir para o aeroporto. Pediram a descrição de como estava [ela estava de pijama] e mandaram que colocasse uma roupa mais discreta, uma calça. Ela obedeceu.

FOLHA - Sua mãe chegou a pedir alguma prova de que você estava com eles?
MARCOS
- Não, ela ficou desesperada. Nessas horas, você precisa ser um pouco racional, mas minha mãe não foi, o que é bastante compreensível já que minha única irmã morreu em um acidente há pouco tempo e ela não poderia perder mais um filho. Se fosse o contrário, se eu recebesse a ligação, não sei como reagiria. (DANIELA TÓFOLI)


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