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Ninguém assume corte de árvore em frente ao Unibanco na Oscar Freire
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
No meio do caminho havia
uma árvore. Arrancaram.
Quem foi? Ninguém sabe, ninguém viu. Como o "abate"
aconteceu na madrugada, na
Oscar Freire, a rua comercial
mais VIP de São Paulo, e em
frente a uma agência de banco,
logo a Sociedade dos Amigos e
Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorcc) gritou.
"Pedimos a punição do responsável e o encaminhamento
da multa ao nosso site: queremos que fique registrado como
exemplo. É um ato criminoso,
ainda mais em pleno aquecimento ambiental", diz Célia
Marcondes, presidente.
Não há provas de quem seja
o autor. Marcondes acusa o
banco. O banco nega. A prefeitura multa o proprietário do
imóvel (que o aluga para o banco). O proprietário nega envolvimento: diz que nem lembrava que tinha uma árvore ali.
Na versão de Marcondes, o
banco (Unibanco) teria se livrado da árvore porque atrapalhava o acesso de carros em
seu estacionamento.
"Como é que um banco do
tamanho daquele toma uma
atitude dessas?", pergunta.
A assessoria do banco afirma
que nunca solicitou à prefeitura que derrubasse árvore nenhuma. Diz que é preciso apurar responsabilidades e não
acusar sem provas.
O proprietário do imóvel,
que prefere não se identificar,
deve receber uma multa de R$
523,20. Afirma que não vai pagar: pelo que soube, quem derrubou a árvore teria sido a própria prefeitura. Mas derrubou
a árvore "errada". A ordem era
para derrubar outra.
A Subprefeitura de Pinheiros nega. De acordo com a assessoria, eles fazem o registro
de toda árvore que precisa ser
removida. E não há registro de
nenhuma na Oscar Freire.
Casos extremos
A menos que seja feita clandestinamente, como parece
que aconteceu nesse caso, a remoção de árvores exige a permissão da prefeitura, que só
autoriza em casos extremos. A
permissão prescinde da vistoria de um agrônomo, que ateste que a árvore está condenada, com risco de queda.
"Não há como controlar a
remoção de árvores por estranhos, especialmente quando
se faz à noite. A menos que haja um flagrante. Temos muitos
casos semelhantes em Pinheiros. Na [avenida] Rebouças,
arrancaram duas. Até hoje não
sabemos se foram vândalos ou
interessados em limpar a área
por algum motivo comercial",
diz o subprefeito de Pinheiros,
Nilton Elias Nachle.
Outro caso de remoção permitida é quando há árvores em
toda a extensão da calçada de
um prédio, o que impossibilita
o acesso de automóveis à garagem. Só é permitido rebaixar
50% da extensão da guia para
entrada de carros.
Nachle explica por que enviou a multa para o proprietário do imóvel, embora não tivesse prova contra ninguém.
"Tem gente que, quando recebe a multa, assume e paga: o
caso fica resolvido. Se não foi
ela, a pessoa diz "não fui eu"."
O valor da multa se mede pelo DAP (diâmetro na altura do
peito). Até 10 cm, pagam-se 3
UFM (unidade fiscal do município, R$ 87,20); de 10 cm a 30
cm, 6 UFM; acima de 30 cm, 12
UFM. No caso, era um ipê rosa
de aproximadamente seis
anos, com 20 cm de DAP.
A propósito, a prefeitura já
plantou outro ipê do mesmo
tipo no lugar.
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