São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Ninguém assume corte de árvore em frente ao Unibanco na Oscar Freire

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

No meio do caminho havia uma árvore. Arrancaram. Quem foi? Ninguém sabe, ninguém viu. Como o "abate" aconteceu na madrugada, na Oscar Freire, a rua comercial mais VIP de São Paulo, e em frente a uma agência de banco, logo a Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorcc) gritou.
"Pedimos a punição do responsável e o encaminhamento da multa ao nosso site: queremos que fique registrado como exemplo. É um ato criminoso, ainda mais em pleno aquecimento ambiental", diz Célia Marcondes, presidente.
Não há provas de quem seja o autor. Marcondes acusa o banco. O banco nega. A prefeitura multa o proprietário do imóvel (que o aluga para o banco). O proprietário nega envolvimento: diz que nem lembrava que tinha uma árvore ali.
Na versão de Marcondes, o banco (Unibanco) teria se livrado da árvore porque atrapalhava o acesso de carros em seu estacionamento.
"Como é que um banco do tamanho daquele toma uma atitude dessas?", pergunta.
A assessoria do banco afirma que nunca solicitou à prefeitura que derrubasse árvore nenhuma. Diz que é preciso apurar responsabilidades e não acusar sem provas.
O proprietário do imóvel, que prefere não se identificar, deve receber uma multa de R$ 523,20. Afirma que não vai pagar: pelo que soube, quem derrubou a árvore teria sido a própria prefeitura. Mas derrubou a árvore "errada". A ordem era para derrubar outra.
A Subprefeitura de Pinheiros nega. De acordo com a assessoria, eles fazem o registro de toda árvore que precisa ser removida. E não há registro de nenhuma na Oscar Freire.

Casos extremos
A menos que seja feita clandestinamente, como parece que aconteceu nesse caso, a remoção de árvores exige a permissão da prefeitura, que só autoriza em casos extremos. A permissão prescinde da vistoria de um agrônomo, que ateste que a árvore está condenada, com risco de queda.
"Não há como controlar a remoção de árvores por estranhos, especialmente quando se faz à noite. A menos que haja um flagrante. Temos muitos casos semelhantes em Pinheiros. Na [avenida] Rebouças, arrancaram duas. Até hoje não sabemos se foram vândalos ou interessados em limpar a área por algum motivo comercial", diz o subprefeito de Pinheiros, Nilton Elias Nachle.
Outro caso de remoção permitida é quando há árvores em toda a extensão da calçada de um prédio, o que impossibilita o acesso de automóveis à garagem. Só é permitido rebaixar 50% da extensão da guia para entrada de carros.
Nachle explica por que enviou a multa para o proprietário do imóvel, embora não tivesse prova contra ninguém. "Tem gente que, quando recebe a multa, assume e paga: o caso fica resolvido. Se não foi ela, a pessoa diz "não fui eu"."
O valor da multa se mede pelo DAP (diâmetro na altura do peito). Até 10 cm, pagam-se 3 UFM (unidade fiscal do município, R$ 87,20); de 10 cm a 30 cm, 6 UFM; acima de 30 cm, 12 UFM. No caso, era um ipê rosa de aproximadamente seis anos, com 20 cm de DAP.
A propósito, a prefeitura já plantou outro ipê do mesmo tipo no lugar.


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