TARIQ SALEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BEIRUTE

O pediatra brasileiro Mohamad Kassen Omais, 45, que ficou preso por sete dias no Líbano por suspeita de ter adulterado o seu passaporte libanês, foi solto ontem. Agora, ele pretende voltar a Cuiabá (MT), onde reside. Na casa dos pais, na cidade de Qaraaoun, no Vale do Bekaa, ele falou com a Folha.

 

O que você sentiu quando o juiz lhe disse que acreditava em sua inocência?
MOHAMAD KASSEN OMAIS - Eu me senti muito aliviado, pensei na minha família e até senti vontade de chorar. Pensei como nesses dias na prisão eu estive privado de todos aqueles que eu amo.

FOLHA - Qual era a sua defesa?
OMAIS - Quando mostraram meu passaporte, eu confirmei que era meu e disse que reconhecia a pessoa da foto que fora colocada no lugar da minha -era meu primo. Eu disse que só havia usado o passaporte em duas viagens à Síria havia anos e que o havia deixado com meus pais. Perguntaram então como foi parar nas mãos do meu primo. Eu não soube responder.

FOLHA - O que houve na prisão?
OMAIS - Eu não sofri agressão física, mas sofri muita agressão psicológica e emocional. Eu não domino tanto o árabe, e eles só me perguntavam em árabe. Eu não tinha certeza de como minhas repostas eram interpretadas. Isso me deixava nervoso.

FOLHA - Quais são seus planos?
OMAIS - Agora só quero voltar ao Brasil e esquecer tudo isto, continuar minha vida. Eu tenho um receio do que acontecerá com minha imagem no país. Tenho medo de como olharão para mim.


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