|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Transexual vai à Justiça para voltar à FAB
Maria Luiza da Silva, cabo da Aeronáutica, foi aposentada compulsoriamente, segundo ela, de forma discriminatória
Transexual afirma que mudança de sexo foi recebida com "surpresa" no meio militar; cirurgia foi realizada em 2005
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A transexual Maria Luiza da
Silva, uma cabo da Aeronáutica
que se chamava José Carlos da
Silva até o ano passado, luta na
Justiça para voltar a integrar a
Força Aérea Brasileira -após
ter sido aposentada compulsoriamente, segundo ela, de forma discriminatória.
Maria Luiza, 47, é goiana e
serviu as Forças Armadas em
Brasília durante mais de 20
anos. Há três anos foi submetida a uma cirurgia para mudança de sexo. E, há três semanas,
conseguiu que a Aeronáutica
mudasse em seus registros o sexo e o nome para os atuais.
Em 2000, época em que começou a "transição" -passou a
se vestir como mulher-, foi reformada (tipo de aposentadoria militar) e perdeu parte do
salário. Uma junta de médicos
considerou-a inapta para o serviço de manutenção de aviões.
Ela afirma que o laudo é contraditório, já que fala em "incapacidade" para o trabalho militar, mas permite esforço físico.
"Como posso exercer atividade
física, mas não posso continuar
no meu trabalho?", questiona.
"Foi um ato de preconceito e
discriminação."
Quando foi reformada, diz
que teve redução de quase 50%
na remuneração. Por meio de
decisão judicial, recuperou o
pagamento integral. No ano
passado, também conseguiu na
Justiça mudar o sexo e o nome
em seus documentos civis.
O transexual nasce com sexo
definido, sem anomalias, mas
vê sua identidade como a de
uma pessoa do sexo oposto.
Maria Luiza pretende ser
reintegrada à ativa da Aeronáutica, mas agora na ala feminina
da corporação.
Antes da cirurgia, ocorrida
em abril de 2005 em Goiânia,
passou por psicoterapia e avaliações psiquiátricas, que indicaram a operação para alteração de sexo.
Maria Luiza conta que a mudança foi recebida com "surpresa" no meio militar e que
houve preconceito de "parte"
dos colegas. Mas diz que manteve os amigos do período anterior de sua vida. "Desde o processo de transformação, quase
todos [amigos] continuam os
mesmos. Tanto homens quanto mulheres."
A transexual não tinha intenção de seguir carreira militar.
Entrou nas Forças Armadas
por conta do serviço obrigatório. Dentro da instituição, se interessou por aviação e prosseguiu na área. Hoje diz não ter
rancor da FAB -o ressentimento é contra a junta médica.
Atualmente sua principal
ocupação é um trabalho voluntário em um hospital de Brasília, com pessoas com transtorno de identidade sexual.
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Outro lado: Não há cabo do sexo feminino, diz Aeronáutica Índice
|