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CRISE NO RIO
Governador ironizou ligação de dois dos investigados com o ex-assessor que denunciou corrupção
"Banda podre é maior", diz Garotinho
da Sucursal do Rio
O governador do Rio, Anthony
Garotinho (PDT), disse ontem
que "a banda podre" da polícia é
maior do que ele imaginava.
Foi uma ironia ao fato de dois
dos delegados sob investigação,
Walter de Barros e Mário Chadud, terem assessorado o ex-coordenador de Segurança Luiz
Eduardo Soares, autor das primeiras denúncias sobre a presença da "banda podre" na cúpula da
Polícia Civil.
A investigação está a cargo da
comissão especial criada pelo governador para investigar as denúncias de Soares. Desde segunda-feira, sete policiais foram afastados, quatro a pedido da comissão e três, incluindo Walter de
Barros, por iniciativa do secretário de Segurança do Estado, Josias
Quintal.
"Estou muito preocupado, porque a banda podre é maior do que
eu imaginava", disse Garotinho.
Questionado se estava sugerindo
que Soares também teria ligações
com a "banda podre", desconversou: "Eu não disse isso, quem está
dizendo são vocês", afirmou.
Barros é investigado sob acusação de ter torturado um preso.
Chadud, sob acusação de enriquecimento ilícito.
Garotinho não comentou a situação do chefe de Polícia Civil,
Rafik Louzada, também investigado sob as acusações de ter extorquido um traficante e de ter
enriquecido ilicitamente.
A situação de Louzada é frágil, e
por todo o dia houve boatos de
que ele teria caído. O governador
chegou a comentar com assessores que não aprovou as declarações de Louzada dizendo confiar
nos policiais exonerados.
O governador também conversou com o chefe de Polícia sobre
suas declarações afirmando que o
ex-coordenador de Segurança "só
falava em direitos humanos".
A comissão ouviu ontem o depoimento de Louzada, investigado sob acusação de ter extorquido
o traficante "Lobão", da Rocinha,
e comprado franquias de uma
lanchonete, sem renda compatível para isso.
Louzada foi interrogado por
dois subordinados seus: os delegados José Vercillo Filho e Newton Vieira, integrantes da comissão. Dos seis membros da comissão, os delegados são os que mais
conhecem a estrutura da polícia,
mas estão sob a ordem direta do
homem que ajudam a investigar.
Louzada não quis falar com os
jornalistas quando chegou à sede
do Ministério Público Estadual,
onde depôs. "Eu gostaria que vocês respeitassem o alto nível da
comissão", afirmou.
Garotinho disse que será expulso da polícia o inspetor Ricardo
Wilke, citado na conversa telefônica gravada pela Polícia Federal
entre o traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e um policial. Wilke está sendo investigado por suposta extorsão ao traficante.
Segundo o governador, Wilke
estava afastado da polícia e à disposição da Prefeitura de São João
de Meriti (município da Baixada
Fluminense). Será chamado de
volta e terá distintivo e arma tomados, afirmou Garotinho.
Garotinho também comentou a
decisão de Soares de deixar o Brasil. "Foi uma opção dele. Desde o
primeiro dia, eu disse que ele escolhesse a segurança que quisesse", afirmou Garotinho.
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