São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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CRISE NO RIO
Governador ironizou ligação de dois dos investigados com o ex-assessor que denunciou corrupção
"Banda podre é maior", diz Garotinho

da Sucursal do Rio

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), disse ontem que "a banda podre" da polícia é maior do que ele imaginava.
Foi uma ironia ao fato de dois dos delegados sob investigação, Walter de Barros e Mário Chadud, terem assessorado o ex-coordenador de Segurança Luiz Eduardo Soares, autor das primeiras denúncias sobre a presença da "banda podre" na cúpula da Polícia Civil.
A investigação está a cargo da comissão especial criada pelo governador para investigar as denúncias de Soares. Desde segunda-feira, sete policiais foram afastados, quatro a pedido da comissão e três, incluindo Walter de Barros, por iniciativa do secretário de Segurança do Estado, Josias Quintal.
"Estou muito preocupado, porque a banda podre é maior do que eu imaginava", disse Garotinho. Questionado se estava sugerindo que Soares também teria ligações com a "banda podre", desconversou: "Eu não disse isso, quem está dizendo são vocês", afirmou.
Barros é investigado sob acusação de ter torturado um preso. Chadud, sob acusação de enriquecimento ilícito.
Garotinho não comentou a situação do chefe de Polícia Civil, Rafik Louzada, também investigado sob as acusações de ter extorquido um traficante e de ter enriquecido ilicitamente.
A situação de Louzada é frágil, e por todo o dia houve boatos de que ele teria caído. O governador chegou a comentar com assessores que não aprovou as declarações de Louzada dizendo confiar nos policiais exonerados.
O governador também conversou com o chefe de Polícia sobre suas declarações afirmando que o ex-coordenador de Segurança "só falava em direitos humanos".
A comissão ouviu ontem o depoimento de Louzada, investigado sob acusação de ter extorquido o traficante "Lobão", da Rocinha, e comprado franquias de uma lanchonete, sem renda compatível para isso.
Louzada foi interrogado por dois subordinados seus: os delegados José Vercillo Filho e Newton Vieira, integrantes da comissão. Dos seis membros da comissão, os delegados são os que mais conhecem a estrutura da polícia, mas estão sob a ordem direta do homem que ajudam a investigar.
Louzada não quis falar com os jornalistas quando chegou à sede do Ministério Público Estadual, onde depôs. "Eu gostaria que vocês respeitassem o alto nível da comissão", afirmou.
Garotinho disse que será expulso da polícia o inspetor Ricardo Wilke, citado na conversa telefônica gravada pela Polícia Federal entre o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e um policial. Wilke está sendo investigado por suposta extorsão ao traficante.
Segundo o governador, Wilke estava afastado da polícia e à disposição da Prefeitura de São João de Meriti (município da Baixada Fluminense). Será chamado de volta e terá distintivo e arma tomados, afirmou Garotinho.
Garotinho também comentou a decisão de Soares de deixar o Brasil. "Foi uma opção dele. Desde o primeiro dia, eu disse que ele escolhesse a segurança que quisesse", afirmou Garotinho.



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