São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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CRISE NO RIO
Comissão que apura corrupção na polícia receberá pedido para que ex-coordenador seja investigado
Acusados preparam dossiê contra Soares

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A comissão especial que apura a corrupção policial no Rio receberá pedido formal dos acusados para que seja investigado o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador de Segurança e Cidadania do governo estadual.
Os acusados apresentarão aos seis membros da comissão -representantes da Procuradoria Geral de Justiça, Polícia Civil e Polícia Militar- um dossiê com supostas irregularidades cometidas por Soares nos 15 meses em que trabalhou na Secretaria de Segurança Pública.
"Ou se investiga tudo ou não se investiga nada", afirmou à Folha José Carlos Tórtima, advogado do inspetor José Luiz Magalhães, afastado do serviço policial pelo governador Anthony Garotinho (PDT), por causa das acusações.
O procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho, que supervisiona a comissão, já disse que todas as denúncias recebidas pela comissão serão analisadas.
Os policiais estão sendo investigados pela comissão especial com base em dossiê preparado pelo ex-coordenador.
O contra-ataque dos acusados inclui documentos que comprovariam o superfaturamento de compras e obras do Projeto Delegacia Legal e de reestruturação das delegacias de Polícia Civil.

Sem licitação
Principal ação de Garotinho na área de segurança, o Delegacia Legal é um projeto idealizado e coordenado por Soares até sua demissão na semana passada por Garotinho.
Para tocar o projeto, por orientação de Soares, foi contratada sem licitação a Fundação Coppetec, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Em julho do ano passado, uma comissão nomeada pelo secretário de Segurança, Josias Quintal, concluiu, após 36 dias de investigação, que houve superfaturamento na compra de equipamentos e em obras da 1ª Delegacia Legal e da Central de Dados da Polícia Civil.
Mantida em sigilo pelo governo durante cinco meses, a conclusão da comissão foi revelada pela Folha em 10 de dezembro do ano passado.
Insatisfeito com o resultado, Soares nomeou uma segunda comissão, que em quatro dias concluiu que não houve superfaturamento.
O caso foi parar no TCE (Tribunal de Contas do Estado), que abriu investigação. Os documentos fornecidos pelo governo estadual estão sendo analisados pelos conselheiros do TCE.
Os policiais investigados querem que a comissão também examine atos praticados por Soares e seus auxiliares no governo.


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