São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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VIOLÊNCIA
Por ter 10 anos, D.L.A.C., que diz ter participado de duplo assassinato, não pode ir para a Febem
Garoto acusado de crime vai para albergue

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O menino acusado de participar de um duplo assassinato em São Roque (92 km de São Paulo) está em um albergue da capital destinado a menores carentes.
O local, do SOS Criança, para onde D.L.A.C. foi levado ontem à noite, não é uma unidade de internação, ou seja, há liberdade para entrada e saída. Ele deve ser acompanhado por psicólogos.
O motivo é a idade. Como ele tem menos de 12 anos, não cometeu, por lei, ato infracional (crime de adolescente) e não pode ser internado na Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor).
Ontem, a polícia descobriu que D.L.A.C. tem na verdade 10 e não 9 anos, completados no dia 11, quando ele diz ter participado do assassinato dos irmãos Leandro José da Silva, 9, e Paloma Carolina da Silva, 8. A garota teria sido vítima ainda de violência sexual.
L.C.S., 13, e J.V.C.,16, os outros dois acusados pelos crimes, vão ficar na delegacia, aguardando decisão da Justiça sobre o pedido de internação na Febem.
A polícia localizou ontem, em São Paulo, o padrasto e a mãe de D.L.A.C., que, segundo ele, haviam morrido. Catarrento, como é conhecido, fugiu de casa em setembro de 99. ""Ele sumia de tempos em tempos desde os 6 anos", disse seu padrasto, Ronaldo Vitor Batista, 27.
Batista ficou sabendo do crime pelos policiais que o encontraram. ""Ele (garoto) nem falou comigo, só balançou a cabeça dizendo que não queria voltar para casa. Ele sempre evitou a gente."
O mais velho entre cinco irmãos, D. fugiu de casa quando ia para a escola, no Itaim Paulista (zona leste). ""Sinto muito que tenha acontecido tudo isso, principalmente pelos pais das crianças que morreram", afirmou Batista.
Desempregado, ele mantém a família com o que ganha vendendo cigarro na rua e do que recebe como ajuda de amigos.

Mistério
A polícia investiga a possibilidade de os três meninos terem feito uma outra vítima.
Há cinco meses, a polícia achou o corpo de uma menina de no máximo 12 anos a 300 metros do local onde os dois assassinatos aconteceram. Segundo o delegado José de Arruda Madureira Júnior, de São Roque, a menina foi morta a pauladas, como no crime com os dois irmãos. Os garotos negaram ter assassinado a menina, que ainda não foi identificada pela polícia.


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