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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Seis unidades do complexo Campinas-Hortolândia ainda abrigam pelo menos 500 membros da facção

PCC mantém ação em "novo Carandiru"

RICARDO BRANDT
EDITOR DA FOLHA CAMPINAS

O PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios, continua atuante e organizado dentro do complexo Campinas-Hortolândia, o maior do Estado de São Paulo após a desativação, no ano passado, do Carandiru.
A Folha apurou que pelo menos 10% dos cerca de 5.000 presos do complexo estão ligados diretamente ao PCC. O maior grupo de membros do "partidão", como também é chamada a facção, está localizado na Penitenciária 2, em Hortolândia. Foi dessa unidade que, no último dia 6, o sequestrador Nivaldo Andrade de Góis, o Bóris, 26, foi resgatado. Ele integra a quadrilha do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, membro do PCC. Ao todo, 11 presos fugiram na ação.
Bóris é um dos 19 homens investigados no caso do assassinato do juiz-corregedor do presídio de Presidente Bernardes, Antonio José Machado Dias.
O promotor Herbert Teixeira Mendes, da Vara de Execuções Criminais de Campinas -responsável pelos processos envolvendo presos do complexo Campinas-Hortolândia-, afirmou que os membros do PCC foram enfraquecidos pelo Estado, mas ainda atuam em todas as unidades -cinco de regime fechado e uma de semi-aberto. "Não posso falar em números, mas não é uma quantia baixa."
Segundo ele, a presença de membros do PCC dentro do complexo é constatada em conversas com presos e escutas telefônicas de dentro e fora dos presídios. "Não vejo nenhuma intenção estratégica de que eles [membros do PCC" estejam em um local especificamente, pois onde estiverem vão operar de qualquer maneira."
O coordenador das unidades prisionais da região central do Estado, João Batista Paschoal, disse que a Penitenciária 3 chegou a ser a "base" do PCC no complexo. "Não tenho conhecimento de que outra unidade tenha assumido esse posto", afirmou.
Os promotores do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para a Prevenção e Repressão ao Crime Organizado) defenderam a adoção de penas mais rígidas para integrantes de organizações criminosas como o PCC.
"É preciso que comecem a discutir juridicamente a viabilidade da prisão perpétua, sim. É preciso que comecem a adotar a extradição de presos. Por que um preso como Fernandinho Beira-Mar não pode ir cumprir pena nos Estados Unidos?", questionou o promotor Ricardo Silvares.


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