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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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Nem CPIs contêm o crime no Vale

KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

O crime organizado continua articulado e agindo no Vale do Paraíba, segundo Ministério Público e Polícia Federal, apesar de a região ter sido alvo de cinco CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) nos últimos três anos.
Desde 2000, a região foi investigada pelas CPIs do Narcotráfico (Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa), do Roubo de Cargas, do Sistema Prisional e dos Combustíveis, com resultado pífio: ninguém está preso, principalmente por falta de provas.
Nomes não teriam sido descobertos pelas CPIs, mas indicados pela polícia. A dos Combustíveis é emblemática: 15 donos de postos foram apontados como suspeitos de integrar esquema de roubo e adulteração do produto. Os 11 que foram presos estão soltos.
Na CPI do Roubo de Cargas, apesar de a via Dutra, que corta a região, ser a segunda do Estado em roubo de cargas -14,1% das ocorrências em 2002, atrás só da Anhanguera, com 17,4%-, ninguém foi preso ou indiciado.
As propostas das comissões para combater grupos organizados não foram adotadas, como formação de equipes integradas de combate ao crime, criação de delegacias especializadas e mudanças no controle de cargas.
O Vale do Paraíba, entre Rio e São Paulo, foi indicado nas CPIs como rota de escoamento de produto de crimes e ponto estratégico para a organização de quadrilhas. O narcotráfico na área, por exemplo, teria, segundo as polícias Federal e Civil e o Ministério Público, ligação com grupos do Rio de Janeiro e de Mato Grosso.
Já quadrilhas de roubo de cargas e combustíveis teriam ligação com grupos de São Paulo e Goiás.
As diversas quadrilhas teriam diversificado as atividades, segundo o promotor Luiz Marcelo Negrini de Oliveira Mattos, do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado), para gerar recursos.
Nos presídios, diz Mattos, mesmo com a remoção de líderes do PCC da Casa de Custódia de Taubaté para outras regiões, a facção estaria forte em Tremembé, na penitenciária Edgard Magalhães Noronha, o Pemano, onde 50% dos 1.100 detentos seriam ligados à facção. Na mesma cidade, dizem agentes ouvidos pela Folha, cerca de 130 dos 900 detentos da penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra seriam ligados à facção.


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