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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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ENTREVISTA

Sociedade promove uso da fitoterapia

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova resolução do governo e a criação de uma sociedade de fitomedicina pretendem contribuir para que os fitoterápicos -os remédios à base de plantas- ganhem mais segurança e maior credibilidade. Nas próximas semanas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulga uma nova resolução onde define as categorias de fitoterápicos: os fitomedicamentos -aqueles que passaram por todos os testes e ensaios clínicos, como acontece com os remédios alopatas; e os medicamentos fitoterápicos tradicionais, aqueles feitos a partir de plantas com benefícios "alicerçados" na tradição e com publicação científica que comprove esses benefícios.
A resolução também amplia de 13 para 30 o número de plantas consideradas de uso medicinal.
"Outra novidade é a exigência de um pré-registro e de um pós-registro", diz José Roberto Lazzarini Neves, presidente da recém-criada Sobrafito, Sociedade Médica Brasileira de Fitomedicina. Significa que o laboratório acompanhará o uso dos seus fitoterápicos, fazendo o que se chama de farmacovigilância, que é a observação e a informação de possíveis reações adversas que o remédio possa provocar.
"Essas exigências levarão a uma seleção dos laboratórios."
Abaixo, trechos da entrevista concedida por Lazzarini Neves:
 

Folha - A criação de uma sociedade médica e a produção de medicamentos por laboratórios não significa uma ameaça à tradição milenar das plantas medicinais?
José Roberto Lazzarini Neves
- A fitomedicina e o fitomedicamento, assim como a Sobrafito, vieram para garantir qualidade científica aos remédios extraídos das plantas. Já estamos montando um curso para médicos e farmacêuticos na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e em maio faremos o 1º Congresso Brasileiro de Fitomemedicina. Mas não significa que estamos negando a fitoterapia tradicional, especialmente num país onde 85% da população não têm acesso a medicamentos. Existem dezenas de prefeituras que cultivam suas plantas medicinais e preparam os medicamentos. No Ceará, há o Projeto Farmácia Viva, que cultiva, produz e fornece os medicamentos.
Todas essas atividades estão na abrangência da Sobrafito. Vale lembrar que há registros da fitoterapia 60 mil anos atrás. E que, a partir de 1978, a Alemanha passou a equiparar esses medicamentos aos alopatas e criou uma comissão de especialistas para estudar os princípios ativos das plantas.


Sobrafito: tel. 0/xx/11/38180841


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