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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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Bombeiro ensina crianças a combater incêndio

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Roberto Arantes Caetano, sargento do Corpo de Bombeiros, ensina prevenção de incêndios aos alunos da escola estadual Joaquim Leme


DA REPORTAGEM LOCAL

A entidade não tem sede própria nem R$ 300 para pagar a confecção de uma home page na Internet. Trabalho social, só nas horas livres da liderança. Tudo isso não impediu que a Associação Bombeiro Mirim e Juvenil Voluntário formasse 700 crianças e adolescentes, entre dez e 18 anos, nas técnicas de combate a incêndio e resgate de pessoas feridas.
O primeiro-sargento Roberto José Arantes Caetano, 39, do 4º Grupamento do Corpo de Bombeiros da Lapa, na zona oeste, é o criador da organização, em atividade desde 1992 e pela qual já enfrentou oposição na corporação.
Parte dos formados acaba virando voluntário da entidade, ajudando o bombeiro no curso ministrado somente aos domingos. São 50 horas-aula dedicadas a disciplinas como primeiros-socorros, reanimação e rotas de fuga em locais como favelas.
Os alunos mais aplicados são encaminhados a outros cursos e acabam entrando na corporação ou se transformando em bombeiros civis, que permite obter trabalho em shoppings e outros locais.
Ministradas geralmente em escolas públicas, as aulas do sargento Caetano costumam deixar as crianças extasiadas, como que participantes de uma aventura.
A única coisa garantida é o certificado, porque lanche ou camiseta, só quando a entidade recebe doações. Recentemente, a Bombeiro Mirim fez parceria com a Fundação Cafu, que patrocinou aulas no Jardim Irene (zona sul).
A vontade de trabalhar com crianças surgiu de uma tragédia vivida profissionalmente pelo sargento. Em 1989, um incêndio destruiu o cortiço instalado em um casarão na alameda Nothmann (centro), o "Castelinho". Havia 70 crianças no local. As últimas três resgatadas por Caetano, então novato, estavam praticamente mortas. Duas, uma de dois anos e outra de sete, foram reanimadas pelo bombeiro. A de cinco anos morreu em seus braços.
"A imagem me desestabilizou", diz o sargento, que hoje recebe ajuda de crianças treinadas por ele nos incêndios que combate.


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