São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

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Lixeiros aprovam greve a partir de 2ª

Paralisação dos funcionários interessa às empresas de coleta de lixo de SP, que querem definição sobre valores dos contratos

Categoria reivindica 12% de aumento; sindicalista diz que sabe que "está sendo usado", mas que não abre mão do reajuste salarial

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os lixeiros e garis de São Paulo aprovaram no início da noite de ontem uma greve geral da categoria, por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira. Cerca de 1.000 dos 3.000 trabalhadores do setor participaram da assembléia.
O pano de fundo da paralisação é uma queda-de-braço entre a prefeitura e as empresas de coleta de lixo. Os empresários cobram uma dívida de R$ 316,5 milhões e a renegociação do contrato. A gestão Gilberto Kassab (PD), antigo PFL, nega a dívida, mas admite rever o contrato até o final do mês.
Por conta da disputa, as empresas de coleta de lixo se recusam a reajustar os salários da categoria -não aceitam pagar nem mesmo a inflação do período (3,1%).
Os lixeiros e garis reivindicam 12% de aumento e admitem que estão sendo usados pelos empresários para pressionar a prefeitura. "Eu tenho consciência de que estou sendo usado, mas eu quero o reajuste salarial para a categoria", afirmou Moacyr Pereira, presidente do Siemaco (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo).
Dirigentes das duas empresas de coleta -Loga e Ecourbis- relataram à Folha que a paralisação interessa ao setor porque a prefeitura só se sentirá obrigada a renegociar os contratos, de 2004, quando houver pressão da população.
O secretário de Serviços, Dimas Ramalho, disse, por meio de sua assessoria, que a renegociação dos contratos deve ser concluída neste mês.
A Folha apurou, porém, que há setores no governo que defendem a anulação dos contratos (leia na C4).

Plano de emergência
Weber Ciloni, diretor do Limpurb, órgão da prefeitura que responde pelo gerenciamento da coleta, disse que espera que não haja greve, mas confirmou que já pediu às empresas um detalhamento do plano de emergência a ser implantado para que o serviço não deixe de ser executado.
"O plano será apresentado à Justiça e precisará do aval da prefeitura. O juiz vai definir os percentuais que devem ser cumpridos. Mas o caminho é o da negociação. Espero que seja feito um acordo", disse.
Pereira afirmou que as coletas do lixo hospitalar e a limpeza das feiras serão feitas normalmente no período da greve. Já a coleta domiciliar e a varrição de ruas serão executadas nos percentuais que forem determinados pela Justiça.
Em 2005, funcionários do setor realizaram paralisações relâmpago de até 30 minutos durante a campanha salarial. Em 2002, funcionários da Cliba fizeram dois dias de greve.
As empresas de varrição de ruas fizeram ontem uma proposta de 3,11% de reajuste. O sindicato rejeitou a proposta, alegando que o índice tem de ser estendido também aos funcionários da coleta de lixo.
A crise nos serviços de limpeza pública atinge também o maior aterro sanitário da cidade, o Bandeirantes, em Perus (zona norte). Ontem, o aterro foi fechado. Parte dos funcionários já cumpre aviso prévio.
A Loga, que administra o aterro, nega o fechamento. O diretor do Limpurb confirmou a suspensão das atividades, mas apenas para que sejam realizadas obras que possibilitarão a operação do aterro por pelo menos mais dois anos.


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