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Lixeiros aprovam greve a partir de 2ª
Paralisação dos funcionários interessa às empresas de coleta de lixo de SP, que querem definição sobre valores dos contratos
Categoria reivindica 12% de
aumento; sindicalista diz
que sabe que "está sendo
usado", mas que não abre
mão do reajuste salarial
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os lixeiros e garis de São Paulo aprovaram no início da noite
de ontem uma greve geral da
categoria, por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira. Cerca de 1.000 dos 3.000
trabalhadores do setor participaram da assembléia.
O pano de fundo da paralisação é uma queda-de-braço entre a prefeitura e as empresas
de coleta de lixo. Os empresários cobram uma dívida de R$
316,5 milhões e a renegociação
do contrato. A gestão Gilberto
Kassab (PD), antigo PFL, nega
a dívida, mas admite rever o
contrato até o final do mês.
Por conta da disputa, as empresas de coleta de lixo se recusam a reajustar os salários da
categoria -não aceitam pagar
nem mesmo a inflação do período (3,1%).
Os lixeiros e garis reivindicam 12% de aumento e admitem que estão sendo usados pelos empresários para pressionar a prefeitura. "Eu tenho
consciência de que estou sendo
usado, mas eu quero o reajuste
salarial para a categoria", afirmou Moacyr Pereira, presidente do Siemaco (Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas
de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo).
Dirigentes das duas empresas de coleta -Loga e Ecourbis- relataram à Folha que a
paralisação interessa ao setor
porque a prefeitura só se sentirá obrigada a renegociar os
contratos, de 2004, quando
houver pressão da população.
O secretário de Serviços, Dimas Ramalho, disse, por meio
de sua assessoria, que a renegociação dos contratos deve ser
concluída neste mês.
A Folha apurou, porém, que
há setores no governo que defendem a anulação dos contratos (leia na C4).
Plano de emergência
Weber Ciloni, diretor do
Limpurb, órgão da prefeitura
que responde pelo gerenciamento da coleta, disse que espera que não haja greve, mas
confirmou que já pediu às empresas um detalhamento do
plano de emergência a ser implantado para que o serviço não
deixe de ser executado.
"O plano será apresentado à
Justiça e precisará do aval da
prefeitura. O juiz vai definir os
percentuais que devem ser
cumpridos. Mas o caminho é o
da negociação. Espero que seja
feito um acordo", disse.
Pereira afirmou que as coletas do lixo hospitalar e a limpeza das feiras serão feitas normalmente no período da greve.
Já a coleta domiciliar e a varrição de ruas serão executadas
nos percentuais que forem determinados pela Justiça.
Em 2005, funcionários do setor realizaram paralisações relâmpago de até 30 minutos durante a campanha salarial. Em
2002, funcionários da Cliba fizeram dois dias de greve.
As empresas de varrição de
ruas fizeram ontem uma proposta de 3,11% de reajuste. O
sindicato rejeitou a proposta,
alegando que o índice tem de
ser estendido também aos funcionários da coleta de lixo.
A crise nos serviços de limpeza pública atinge também o
maior aterro sanitário da cidade, o Bandeirantes, em Perus
(zona norte). Ontem, o aterro
foi fechado. Parte dos funcionários já cumpre aviso prévio.
A Loga, que administra o
aterro, nega o fechamento. O
diretor do Limpurb confirmou
a suspensão das atividades, mas
apenas para que sejam realizadas obras que possibilitarão a
operação do aterro por pelo
menos mais dois anos.
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