São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Não se embrenhem por aí, diz Lula sobre o Rio

Na abertura de fórum com representantes de 185 países, presidente pede às pessoas que transitem como "cidadãos normais"

Discursos do presidente e de integrantes do governo são marcados pelo autoelogio em relação a investimentos em infraestrutura urbana

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Na abertura do 5º Fórum Urbano Mundial, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instou os participantes a visitar o Rio de Janeiro e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, mas pediu que "não se embrenhem" por lugares que não conhecem, referindo-se à violência da cidade.
"De vez em quando, vocês leem que morreu alguém no Rio. Obviamente, não negamos que haja violência no Rio. Mas este Estado e esta cidade têm um povo extraordinário, possivelmente o mais alegre e cortês do Brasil. Agora, não se embrenhem por lugares que vocês não conhecem... Transitem como cidadãos normais, que nada vai acontecer a vocês", disse o presidente.
O fórum tem cerca de 20 mil inscritos e reúne até a próxima sexta-feira pessoas de 185 países em discussões sobre políticas urbanas. Lula propôs ainda ao prefeito carioca, Eduardo Paes (PMDB), que organizasse visitas pelas obras do PAC em favelas para mostrar "o que está acontecendo em muitos lugares do Rio e do Brasil".
O deputado federal Chico Alencar (PSOL), presente, disse ver no discurso um "exagero oficialista enorme", pois, segundo ele, só cerca de 10% da população de favelas do Rio foi beneficiada com urbanização.
"Há experiências bem-sucedidas, mas algumas têm até efeito de cartão-postal."
As obras de infraestrutura foram tema de boa parte do discurso autoelogioso de Lula e de representantes do governo, como a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho. Lula disse ser diferente de políticos que preteriam obras de saneamento básico por pontes e viadutos, para exibir nomes de parentes.

"Viaduto Hariri"
Nesse momento, o presidente brincou citando um suposto "viaduto Hariri", em referência ao ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri, assassinado em 2005 e cuja viúva estava no evento. Hariri se notabilizou por obras de infraestrutura urbana em seu país.
Outro constrangimento foi quando, ao citar o calor, disse ter "um discurso razoável, não tão grande como o da nossa querida representante das Nações Unidas", Anna Tibaijuka, diretora-executiva da UN Habitat e anfitriã do fórum, que falou por cerca de 20 minutos.


Colaborou CLÁUDIA ANTUNES , da Sucursal do Rio.


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