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Não se embrenhem por aí, diz Lula sobre o Rio
Na abertura de fórum com representantes de 185 países, presidente pede às pessoas que transitem como "cidadãos normais"
Discursos do presidente e de integrantes do governo são marcados pelo autoelogio em relação a investimentos em infraestrutura urbana
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Na abertura do 5º Fórum Urbano Mundial, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
instou os participantes a visitar
o Rio de Janeiro e as obras do
Programa de Aceleração do
Crescimento, mas pediu que
"não se embrenhem" por lugares que não conhecem, referindo-se à violência da cidade.
"De vez em quando, vocês
leem que morreu alguém no
Rio. Obviamente, não negamos
que haja violência no Rio. Mas
este Estado e esta cidade têm
um povo extraordinário, possivelmente o mais alegre e cortês
do Brasil. Agora, não se embrenhem por lugares que vocês
não conhecem... Transitem como cidadãos normais, que nada
vai acontecer a vocês", disse o
presidente.
O fórum tem cerca de 20 mil
inscritos e reúne até a próxima
sexta-feira pessoas de 185 países em discussões sobre políticas urbanas.
Lula propôs ainda ao prefeito
carioca, Eduardo Paes
(PMDB), que organizasse visitas pelas obras do PAC em favelas para mostrar "o que está
acontecendo em muitos lugares do Rio e do Brasil".
O deputado federal Chico
Alencar (PSOL), presente, disse ver no discurso um "exagero
oficialista enorme", pois, segundo ele, só cerca de 10% da
população de favelas do Rio foi
beneficiada com urbanização.
"Há experiências bem-sucedidas, mas algumas têm até efeito
de cartão-postal."
As obras de infraestrutura foram tema de boa parte do discurso autoelogioso de Lula e de
representantes do governo, como a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho.
Lula disse ser diferente de
políticos que preteriam obras
de saneamento básico por pontes e viadutos, para exibir nomes de parentes.
"Viaduto Hariri"
Nesse momento, o presidente brincou citando um suposto
"viaduto Hariri", em referência
ao ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri, assassinado
em 2005 e cuja viúva estava no
evento. Hariri se notabilizou
por obras de infraestrutura urbana em seu país.
Outro constrangimento foi
quando, ao citar o calor, disse
ter "um discurso razoável, não
tão grande como o da nossa
querida representante das Nações Unidas", Anna Tibaijuka,
diretora-executiva da UN Habitat e anfitriã do fórum, que falou por cerca de 20 minutos.
Colaborou CLÁUDIA ANTUNES , da Sucursal do
Rio.
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