São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fuvest convocou 479 alunos sem ensino médio para USP

Contingente que não poderia disputar "vagas reais" já é de 4,5% dos convocados

Esses alunos inflaram dados sobre desistência na USP; mesmo assim, abandono de aprovados é recorde: 16,35%

LAURA CAPRIGLIONE
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Na lista de aprovados em primeira chamada do vestibular 2011 da USP, há 479 candidatos convocados para matrícula que não poderiam se matricular por não terem completado o ensino médio. O número representa 4,5% do total de vagas.
Esse contingente inflou dados usados em reportagem publicada na Folha em 10/3, que mostrou o crescimento de estudantes aprovados na Fuvest que acabam preterindo a USP, não fazendo a matrícula.
Há anos, a Fuvest dispõe de três áreas para os candidatos sem o ensino médio completo, como forma de treinamento. Esse tipo de candidato é chamado de "treineiro", e não disputa vagas "reais".
O que a entidade responsável pelo vestibular revelou (só após a publicação da notícia segundo a qual a USP teve um recorde de desistência) foi que, entre os candidatos convocados para matrícula, 479 eram os chamados "piratas": candidatos sem o ensino médio completo, disputando vagas "reais".
A pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, foi entrevistada para a reportagem publicada no início do mês. Ela não contestou os dados, embora tenha sido informada seis dias antes da publicação de todos os números de que a Folha trataria.
Segundo Zorn, a desistência pode estar crescendo devido ao aumento de opções nas universidades federais.
Para a Fuvest, do índice de 24,1% de desistências da USP tem de ser expurgado o contingente de "piratas" e de aprovados que aguardam remanejamentos dentro das carreiras.
Mesmo usando os novos dados da Fuvest, a USP registra recorde histórico de desistências. Em 2005, foram 9,99%. Em 2011, 16,35%. Trata-se de um aumento relativo de 63,7% de desistentes.
O número de "piratas" convocados para matrícula cresceu, segundo a Fuvest, 1.552% desde 2005, quando eram 29. No período, as vagas cresceram 11%.
Os 479 foram convocados para a matrícula, mesmo a Fuvest sabendo, de antemão, que eles não reuniam requisitos para se tornarem estudantes da USP -já na inscrição, declararam que não teriam ensino médio completo na matrícula.
O edital do exame é claro ao dizer que só podem se matricular aprovados com ensino médio completo.
Uma hipótese levantada na USP é que esses "piratas" sejam candidatos que querem verificar como é a segunda fase, mas que não têm condições de atingir a nota de corte dos treineiros. Assim, escolhem cursos "reais", com concorrência e nota de corte menores do que a de treineiros regulares.
O resultado é que há carreiras "reais" com concorrência e nota de corte infladas por candidatos sabidamente fora das regras do concurso. A Fuvest diz que pode reavaliar a situação.
O número de desistências de 2011 ainda é parcial porque candidatos que aguardam remanejamentos podem, efetivamente, desistir. O balanço só será fechado após a tabulação dos dados da matrícula da última chamada, realizada ontem.


Texto Anterior: Diretor da animação "Rio" refuta comparações com Zé Carioca
Próximo Texto: Exame de paternidade: Justiça autoriza exumação de Tim Maia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.