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Médicos admitem desrespeito à fila
DA REPORTAGEM LOCAL
Os médicos que integram as
equipes de transplante admitem
que nem sempre a fila de pacientes inscritos nas centrais estaduais
para receber órgãos é respeitada.
A Folha apurou que alguns hospitais que fazem a captação de órgãos mantêm uma lista de espera
paralela à oficial, que prioriza os
seus pacientes em detrimento daqueles de outros serviços inscritos
há mais tempo na central estadual
de transplante.
De acordo com a lei, ao receber
a notificação de um doador de órgão, a central fica responsável por
localizar os potenciais receptores
compatíveis, respeitando a ordem
de inscrição e, em alguns casos, a
gravidade do paciente.
"Ao receber a ligação da central
de transplante, a nossa equipe
avaliava a compatibilidade de todos os pacientes da nossa lista de
espera, independentemente se ele
era o primeiro, o terceiro ou o último. Só depois disso é que recusávamos o órgão", conta um cirurgião-cardíaco que integrou
uma equipe de transplante paulista até o ano passado.
Fígado
Situação parecida acontece com
algumas equipes que fazem captação de transplante de fígado.
Um médico relata que, ao receber
um órgão compatível para um paciente com prioridade na fila estadual, há serviços que, por conta
própria, decidem utilizá-los em
outro doente da sua lista, inscrito
há menos tempo na central.
A capacitação dos médicos é um
ponto crítico do sistema, revela o
TCU. Há carências em todas as
etapas do processo, desde o diagnóstico da morte encefálica ao
implante do órgão no receptor. A
conseqüência direta do despreparo é que aumenta o número de
inscritos na fila e aumenta o tempo de espera dos pacientes.
Falta treinamento para o diagnóstico preciso de morte encefálica e os profissionais revelaram-se
despreparados especialmente no
momento da abordagem familiar.
Nas entrevistas de campo, vários
médicos intensivistas admitiram
que não se sentem seguros para
fazer o diagnóstico de morte encefálica.
(CLÁUDIA COLLUCCI, FERNANDA BASSETTE E MALU DELGADO)
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