São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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Especialista reconhece os cantos de 400 aves

DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecido como o homem dos pássaros, Johan Dalgas Frisch, 75, sabe de cor o som de 400 aves e foi o pioneiro na gravação do canto de pássaros da América do Sul.
A paixão veio de berço: seu pai, Svend Frisch, desenhava pássaros em papel de pão. Hoje, seu filho, Christian, os fotografa para livros e atualizou, com computação gráfica, as cores das ilustrações do avô. Autor de "Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem", ele tem como canto preferido o do sabiá.

Folha - Como o senhor começou a se interessar pelo som das aves?
Johan Dalgas Frisch -
Aos sete anos, em um sítio, meus amigos mataram uma juruviara. Enquanto o sangue dela escorria na minha mão, ouvi o canto condoído de seu companheiro. Desde então sei que Deus me deu o dom de ouvir um canto e não o esquecer.

Folha - Qual é a importância desse contato para as pessoas?
Dalgas Frisch -
O que importa é os pássaros voltarem para a cidade. O canto da ave é o mais perfeito, ouvi-lo no clarear do dia abre o coração das pessoas. Faço apelo para que as mães plantem jabuticabeiras, amoreiras, pitangueiras. Seria pena não oferecer às crianças esse leite materno matinal.

Folha - Quem não tem jardim pode atrair as aves?
Dalgas Frisch -
Pedaços de mamão, por exemplo, chamam saíras e sabiás. A banana atrai o sanhaço e o arroz, o bem-te-vi.

Folha - Qual é seu som preferido?
Dalgas Frisch -
O do sabiá, na primavera. Já dizia Gonçalves Dias com a "Canção do Exílio": "Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá".

Folha - É uma ave bem comum...
Dalgas Frisch -
Sim, e muito mansa, fácil de ver. O país não tinha uma ave nacional. Em 2002, consegui que o presidente Fernando Henrique assinasse o decreto instituindo o sabiá como pássaro do Brasil. Queriam a ararajuba, mas ela só é vista de Belém a São Luís. O casal de ararajuba vale R$ 5.000 hoje. Se fosse a ave-símbolo, valeria US$ 50 mil.


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