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Para especialistas, informatização deve trazer bom conteúdo
Eles apontam que é necessário buscar forma mais eficiente de utilizar computadores como ferramentas pedagógicas
Organização atual das salas de aula e dos currículos escolares não é compatível com o aprendizado que a internet permite ao aluno
DA SUCURSAL DO RIO
A constatação de que o computador não melhora desempenho de alunos em testes nacionais não foi feita só no Brasil.
Estudos realizados nos EUA,
em Israel e na Europa chegaram a conclusão parecida.
No entanto, na opinião de especialistas ouvidos pela Folha,
isso não deve desestimular a
busca de formas eficientes de
usar esses equipamentos.
Para Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira
de Ensino à Distância e um dos
fundadores da Escola do Futuro da USP, é preciso investir na
produção de conteúdo.
"A filosofia do MEC sempre
foi gastar dinheiro na compra
de computadores e capacitação
de professores, mas não considerar o conteúdo importante."
O investimento na aquisição
de computadores para escolas
e o apoio a softwares educativos são algumas das propostas
do Plano de Desenvolvimento
da Educação, apresentado pelo
MEC no mês passado.
Segundo o Censo Escolar do
MEC de 2005, 32% das escolas
públicas de ensino fundamental têm computadores e só 15%
têm acesso a internet. No ensino médio, esses percentuais
sobem para 89% e 58%.
Modelo obsoleto
Os resultados do estudo de
Maresa Sprietsma foram debatidos no blog do presidente do
Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e ex-presidente
do IBGE, Simon Schwartzman.
Guiomar Namo de Mello, ex-secretária municipal de Educação em São Paulo e membro do
Conselho Nacional de Educação no governo FHC, defendeu
no blog que, se o professor souber como usar o computador
para seu aprendizado, "meio
caminho está andado para o
uso em sala de aula".
Para ela, aproveitar a tecnologia para melhorar a formação
do professor é mais eficiente do
que formar o professor para
aplicar as novas tecnologias.
Mello defende que a organização da escola e da sala de aula, como é feita hoje, dificulta o
uso do computador e da internet no aprendizado.
Para ela, o currículo de disciplinas rígidas e seriado de modo hierárquico não é compatível com a aprendizagem que a
internet viabiliza.
Litto concorda. "O professor
tem de criar problemas para serem solucionados para que os
alunos construam conhecimento. O computador em sala é
um desafio. Os alunos passam a
ter um papel mais ativo."
(AG)
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