São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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Para especialistas, informatização deve trazer bom conteúdo

Eles apontam que é necessário buscar forma mais eficiente de utilizar computadores como ferramentas pedagógicas

Organização atual das salas de aula e dos currículos escolares não é compatível com o aprendizado que a internet permite ao aluno

DA SUCURSAL DO RIO

A constatação de que o computador não melhora desempenho de alunos em testes nacionais não foi feita só no Brasil. Estudos realizados nos EUA, em Israel e na Europa chegaram a conclusão parecida.
No entanto, na opinião de especialistas ouvidos pela Folha, isso não deve desestimular a busca de formas eficientes de usar esses equipamentos.
Para Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira de Ensino à Distância e um dos fundadores da Escola do Futuro da USP, é preciso investir na produção de conteúdo.
"A filosofia do MEC sempre foi gastar dinheiro na compra de computadores e capacitação de professores, mas não considerar o conteúdo importante."
O investimento na aquisição de computadores para escolas e o apoio a softwares educativos são algumas das propostas do Plano de Desenvolvimento da Educação, apresentado pelo MEC no mês passado.
Segundo o Censo Escolar do MEC de 2005, 32% das escolas públicas de ensino fundamental têm computadores e só 15% têm acesso a internet. No ensino médio, esses percentuais sobem para 89% e 58%.

Modelo obsoleto
Os resultados do estudo de Maresa Sprietsma foram debatidos no blog do presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e ex-presidente do IBGE, Simon Schwartzman.
Guiomar Namo de Mello, ex-secretária municipal de Educação em São Paulo e membro do Conselho Nacional de Educação no governo FHC, defendeu no blog que, se o professor souber como usar o computador para seu aprendizado, "meio caminho está andado para o uso em sala de aula".
Para ela, aproveitar a tecnologia para melhorar a formação do professor é mais eficiente do que formar o professor para aplicar as novas tecnologias.
Mello defende que a organização da escola e da sala de aula, como é feita hoje, dificulta o uso do computador e da internet no aprendizado.
Para ela, o currículo de disciplinas rígidas e seriado de modo hierárquico não é compatível com a aprendizagem que a internet viabiliza.
Litto concorda. "O professor tem de criar problemas para serem solucionados para que os alunos construam conhecimento. O computador em sala é um desafio. Os alunos passam a ter um papel mais ativo." (AG)


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