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Câmara autoriza TCM a criar 31 cargos
Tribunal de Contas do Município vai poder contratar sem concurso público; cargos têm salário de R$ 3.450 a R$ 7.275
Órgão tem orçamento anual de R$ 156,9 milhões e cerca de 650 servidores para cinco conselheiros, que são indicados por prefeitos
DA REPORTAGEM LOCAL
Em plena crise econômica,
que levou a prefeitura a anunciar nesta semana o corte de R$
3 bilhões em seu Orçamento, os
vereadores de São Paulo autorizaram ontem o TCM (Tribunal de Contas do Município) a
criar 31 cargos em comissão,
cuja ocupação não depende de
concurso público.
Na votação simbólica, apenas
as bancadas do PSDB, com 13
parlamentares, e do PPS, com
dois, foram contra o projeto. Os
vereadores não divulgaram, no
entanto, a razão da discórdia.
Sem contar com encargos
trabalhistas e outros custos, a
despesa anual do órgão vai aumentar em R$ 2,5 milhões, mas
o valor pode chegar ao dobro.
O TCM é um órgão auxiliar
da Câmara Municipal que analisa e julga contratos, licitações
e as contas do Executivo.
O tribunal tem orçamento
anual de R$ 156,9 milhões. Em
sua folha de pagamento, constam cerca de 650 servidores.
Eles auxiliam o trabalho de cinco conselheiros, que são indicados para o cargo por prefeitos.
De acordo com dados publicados no "Diário Oficial" em
2008 a respeito do projeto
aprovado ontem, 23 assessores
de "gabinete 1" vão receber R$
7.275 ao mês e seis assessores
de "gabinete 2", R$ 3.450.
Além desses 29 cargos, o tribunal terá um assessor somente para coordenar eventos e outro para cuidar de "relações trabalhistas". Cada um deles vai
receber R$ 6.967 por mês.
O projeto aprovado ontem
também cria gratificações aos
servidores que chegam a quase
R$ 1.000 (cerca de 10% do salário-base mais alto pago no tribunal). O texto não deixa claro
quantos funcionários do TCM
terão direito a esse benefício.
No ano passado, a Folha revelou que o tribunal paga supersalários a pelo menos 66
servidores, valor superior aos
cerca de R$ 12,3 mil recebidos
pelo prefeito. Ao menos oito
funcionários ganham mais de
R$ 20 mil -um deles ganhava
R$ 27,9 mil. Cerca de 75% das
despesas do TCM são com a folha de pagamento. Há ainda vários casos de nepotismo.
Na época, em setembro do
ano passado, o conselheiro Edson Simões disse que os supersalários foram criados por lei
ou decisões judiciais que favoreceram servidores. Os integrantes do tribunal também diziam haver um déficit de cem
funcionários no órgão.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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