São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA

Quadrilha chefiada por detento do Carandiru manteve corretor de imóveis refém por 9 dias; polícia recuperou resgate

Por celular, preso lidera sequestro em SP

FERNANDO BARROS
GILMAR PENTEADO

DA REPORTAGEM LOCAL

Com hematomas por todo o corpo, sem três dentes por causa das torturas em cativeiro e com muita fome, o corretor de imóveis de Alphaville (Grande São Paulo) Rubens da Silva Nunes, 54, foi solto ontem pelos sequestradores depois de nove dias. Segundo a polícia, o crime foi organizado pelo preso Ednard Fulvio Barbosa Peralta, 22, de dentro da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru (zona norte de SP), por meio de um telefone celular.
Nunes foi libertado pela quadrilha às 6h50 de ontem, em Capão Redondo (zona sul de São Paulo), depois que a família pagou o resgate e a polícia prendeu três integrantes do grupo. A liberdade do corretor de imóveis foi determinada pelo próprio Peralta, de dentro da cadeia.
Debilitado, Nunes contou ontem, na sede da DAS (Divisão Anti-Sequestro), que apanhou todos os dias nos três cativeiros pelos quais passou.
A polícia prendeu três integrantes da quadrilha e recuperou o resgate pago pela família, cerca de R$ 25 mil. O delegado Eduardo Camargo Lima, da DAS, confirmou que o sequestro foi dirigido por Peralta, que seria o mais experiente da quadrilha.
Peralta teria ordenado a soltura da vítima depois de receber um telefonema da namorada, Rejane de Oliveira, 19, informando ter sido presa quando ia apanhar a parte do resgate que seria destinada ao próprio preso.
O delegado acredita que o corretor não seria solto com vida mesmo com o pagamento do resgate. Além de Rejane, foram presos Rodrigo Gonçalves, 20, que teria participado das negociações e do recebimento do resgate, e Evani Andrade da Silva, 20, encarregada da distribuição do dinheiro do resgate. Outras três pessoas, que cuidavam do cativeiro, já foram identificadas.



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