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TRANSPORTE
Destino da receita mensal de R$ 1,9 milhão vai depender da adesão dos trabalhadores ao convênio médico da categoria
Viações podem lucrar com decisão de Marta
ALENCAR IZIDORO
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo depois de abrir mão de
uma receita mensal de R$ 1,9 milhão para evitar uma greve de ônibus em São Paulo, a prefeitura
não terá garantias de que esse dinheiro será repassado integralmente pelas viações em benefício
dos motoristas e cobradores.
O destino da verba vai depender
da adesão dos trabalhadores ao
convênio médico da categoria.
A administração Marta Suplicy
(PT) aceitou anteontem abdicar
da retenção de R$ 0,02 da passagem de R$ 1,40, totalizando R$ 1,9
milhão por mês, para que as empresas de ônibus assumissem um
compromisso de pagar R$ 50 do
plano de saúde dos trabalhadores,
cujo valor médio atinge R$ 100.
Esse benefício, porém, não será
depositado diretamente na conta
de todos os motoristas e cobradores. Ele só será dado pelas viações
para quem aderir ao convênio e
estiver disposto a pagar os valores
restantes -ou seja, perto de R$
50 para os planos familiares.
Atualmente, a adesão ao convênio médico é de apenas 25% dos
50 mil trabalhadores. Se não houver novos interessados, do R$ 1,9
milhão que os empresários deixarão de pagar à prefeitura, apenas
R$ 625 mil serão gastos com a
concessão desse benefício. Ou seja, "lucro" de cerca de R$ 1,3 milhão das viações de ônibus.
Para que toda a verba que Marta
abriu mão seja destinada ao convênio médico, mais de 76% da categoria terá que se interessar por
um subsídio apenas parcial do
plano de saúde, tendo que bancar
os valores complementares.
A prefeitura havia decidido reter R$ 0,02 da passagem na assinatura dos contratos emergenciais, em janeiro passado. O valor
correspondia a uma taxa de gerenciamento do sistema, sendo
utilizado para consertos e reformas em terminais de ônibus.
Os diretores do sindicato dos
motoristas disseram ontem acreditar em uma adesão em massa da
categoria ao convênio. "Estamos
mobilizando as garagens para termos uma adesão próxima da total", afirmou Edivaldo Santiago,
presidente da entidade.
O problema é que, apesar do benefício de R$ 50 que pode ser dado pelas empresas, pagar a outra
metade para ter um convênio médico, próxima de R$ 50, significa
um impacto significativo no salário dos motoristas e cobradores,
cujos pisos, hoje, são de R$ 1.027 e
R$ 546, respectivamente.
"Mas a gente espera que, conforme os trabalhadores começarem a aderir, será possível diminuir os preços do plano de saúde", afirmou Paulo Cezar Barbosa, um dos coordenadores do
convênio médico do sindicato.
Ele estima que, além dos cerca
de 12.500 motoristas que já participam hoje do convênio médico
dentro das viações, outros 10 mil
também tenham planos independentes, fora do trabalho.
TRT
A juíza Maria Aparecida Pelegrina, do TRT (Tribunal Regional
do Trabalho), sugeriu ontem de
manhã, durante audiência de
conciliação, que os empresários
de ônibus concedessem 8% de
reajuste salarial aos motoristas e
cobradores. Ela também propôs a
elevação de 8% do valor do vale-refeição, atualmente em R$ 6,80.
O índice foi aceito pelos trabalhadores, que reivindicavam
9,26% de reajuste e 5% de aumento real. O Transurb (sindicato das
viações), porém, manteve a proposta de 2% de reajuste feita anteontem. O TRT, por falta de
acordo entre as duas partes, decidiu fazer um julgamento do dissídio da categoria amanhã.
O posicionamento do tribunal
agradou os motoristas, que suspenderam as ameaças de paralisação até que haja uma decisão final. "Até agora, está sendo uma
vitória. Mas ainda vamos aguardar um índice final do TRT para
poder descartar qualquer tipo de
greve", afirmou Santiago.
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