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AMBIENTE
Vigilância Sanitária opta por interdição preventiva de seis reservatórios em área sob suspeita de contaminação em SP
Poços próximos da Shell são interditados
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Centro de Vigilância Sanitária
do Estado decidiu interditar seis
poços artesianos localizados em
cinco indústrias e um condomínio residencial, próximos da base
de estocagem de combustíveis da
Shell, na Vila Carioca (zona sul).
A medida é preventiva. O objetivo é impedir o contato humano
com a água dos poços enquanto
são feitas as análises de laboratório, que duram cerca de 15 dias. A
interdição da Vigilância é válida
por 60 dias. Caso não seja verificada a contaminação, os poços podem ser reabertos pelos donos.
A lista dos reservatórios surgiu
da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo), que encontrou 20 poços
de grande porte na região. Os de
menor tamanho, geralmente caseiros, não constam da lista. A
proximidade da Shell determinou
a escolha dos interditados.
Em setembro de 2000, a empresa GSD-Geoclock concluiu que o
lençol freático do entorno da base
de estocagem de combustíveis estava contaminado com drins
(pesticidas) e chumbo, entre outras substâncias cancerígenas.
A empresa foi contratada pela
Shell, que, com a Cetesb (agência
ambiental estadual), são rés em
ação civil pública conduzida pela
Promotoria do Meio Ambiente.
Proprietários e usuários dos poços interditados dizem que a água
desses reservatórios cheira mal.
Os poços da lista da Vigilância ficam no Condomínio Conjunto
Auri Verde e nas indústrias Air
Liquide, Babylove, Gama Gráficos, Risel e Tambortec. Apenas o
reservatório do condomínio é
usado para consumo humano. Os
outros são de uso industrial ou estão desativados. É o caso do da
Gama Gráficos, que está fechado.
O diretor industrial da Air Liquide, Walter Pilão, afirma que a
multinacional de equipamentos
hospitalares de oxigenação não
tem poço artesiano no local.
"Acho que houve engano", diz.
O sócio da Tambortec, Nicola
Simone Neto, abriu o poço de sua
indústria, que reforma tambores
industriais, "há mais de 20 anos".
"Naquela época, percebemos que
a água não era própria para consumo. Cheirava muito mau", diz.
A mesma sorte não tiveram os
usuários do poço interditado no
Condomínio Auri Verde, ocupado por 112 sobrados. Perfurado há
mais de 20 anos, o reservatório estava desativado. Há um ano, foi
reaberto como medida de economia de água. "Não durmo mais
em paz", conta Roseli Bulgaro
Carvalho, 50, há 28 anos moradora do condomínio. "Á água é
amarela, tem cheiro ruim, e, onde
cai na roupa, mancha", diz. Desde
o início do mês, o condomínio decidiu parar de usar o poço.
A Shell informou, por sua assessoria, que aguardará as análises
da água para se pronunciar.
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