São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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AMBIENTE

Vigilância Sanitária opta por interdição preventiva de seis reservatórios em área sob suspeita de contaminação em SP

Poços próximos da Shell são interditados

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro de Vigilância Sanitária do Estado decidiu interditar seis poços artesianos localizados em cinco indústrias e um condomínio residencial, próximos da base de estocagem de combustíveis da Shell, na Vila Carioca (zona sul).
A medida é preventiva. O objetivo é impedir o contato humano com a água dos poços enquanto são feitas as análises de laboratório, que duram cerca de 15 dias. A interdição da Vigilância é válida por 60 dias. Caso não seja verificada a contaminação, os poços podem ser reabertos pelos donos.
A lista dos reservatórios surgiu da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que encontrou 20 poços de grande porte na região. Os de menor tamanho, geralmente caseiros, não constam da lista. A proximidade da Shell determinou a escolha dos interditados.
Em setembro de 2000, a empresa GSD-Geoclock concluiu que o lençol freático do entorno da base de estocagem de combustíveis estava contaminado com drins (pesticidas) e chumbo, entre outras substâncias cancerígenas.
A empresa foi contratada pela Shell, que, com a Cetesb (agência ambiental estadual), são rés em ação civil pública conduzida pela Promotoria do Meio Ambiente.
Proprietários e usuários dos poços interditados dizem que a água desses reservatórios cheira mal. Os poços da lista da Vigilância ficam no Condomínio Conjunto Auri Verde e nas indústrias Air Liquide, Babylove, Gama Gráficos, Risel e Tambortec. Apenas o reservatório do condomínio é usado para consumo humano. Os outros são de uso industrial ou estão desativados. É o caso do da Gama Gráficos, que está fechado.
O diretor industrial da Air Liquide, Walter Pilão, afirma que a multinacional de equipamentos hospitalares de oxigenação não tem poço artesiano no local. "Acho que houve engano", diz.
O sócio da Tambortec, Nicola Simone Neto, abriu o poço de sua indústria, que reforma tambores industriais, "há mais de 20 anos". "Naquela época, percebemos que a água não era própria para consumo. Cheirava muito mau", diz.
A mesma sorte não tiveram os usuários do poço interditado no Condomínio Auri Verde, ocupado por 112 sobrados. Perfurado há mais de 20 anos, o reservatório estava desativado. Há um ano, foi reaberto como medida de economia de água. "Não durmo mais em paz", conta Roseli Bulgaro Carvalho, 50, há 28 anos moradora do condomínio. "Á água é amarela, tem cheiro ruim, e, onde cai na roupa, mancha", diz. Desde o início do mês, o condomínio decidiu parar de usar o poço.
A Shell informou, por sua assessoria, que aguardará as análises da água para se pronunciar.



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