São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2005

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Vítima muda sua rotina noturna

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Cativeiro para onde são levadas vítimas seqüestradas no Morumbi


DA REPORTAGEM LOCAL

"Já sofri dois seqüestros relâmpagos. Tenho que me adaptar à selva em que eu vivo. Se o predador está até as 22h esperando a presa, eu vou ficar na toca esperando que ele termine de jantar."
Depois de ser vítima do crime por duas vezes em São Paulo, o publicitário Roberto Rosa, 37, determinou sua rotina noturna com base no horário de funcionamento dos caixas eletrônicos -abertos apenas até as 22h. "Só saio depois desse horário, porque eu sei que se alguém quiser me pegar no seqüestro relâmpago, não terá como sacar o dinheiro."
Rosa foi seqüestrado pela primeira vez há seis anos, na avenida Zaki Narchi, zona norte de São Paulo. "Estava voltando da casa da minha namorada, à noite, e parei em um sinal vermelho. Um sujeito chegou por trás, colocou o revólver na minha cara e abriu a porta. Ele sentou no banco da frente e outros dois bandidos ficaram no banco de trás", diz.
Rosa conta que os bandidos rodaram com ele pela cidade por aproximadamente quatro horas. Na época, os caixas eletrônicos funcionavam durante toda a noite. "Paramos em vários caixas. Em todos, eu dava um jeito de dar cartão inválido, senha inválida ou fora de uso. Eles foram ficando nervosos e um começou a falar em me matar. Quando vi isso, resolvi acabar com a situação e saquei o dinheiro em um banco na [avenida] Rebouças", afirmou.

Novamente
Há cerca de dez meses, o publicitário voltou a viver uma experiência semelhante. Dessa vez, o crime teve início no bairro de Perdizes, zona oeste da cidade. O seqüestro relâmpago ocorreu por volta das 21h. "Fui entrar no carro do meu irmão para pegar uma carona e dois homens chegaram, cada um vindo de um lado. Um deles foi dirigindo, ao lado da namorada do meu irmão, que também estava no carro. Outro foi atrás", descreve o publicitário.
Roberto Rosa conta que os bandidos afirmaram ser "profissionais". Depois de sacar o dinheiro do irmão do publicitário, foram ao caixa eletrônico do banco de Rosa. Nervoso, ele não conseguiu digitar sua senha. "Agora vou morrer", pensou. Os três acabaram liberados na marginal Tietê e o carro foi levado.
"É uma pena viver numa cidade onde você não pode usufruir das coisas que tem condições de adquirir", diz Rosa. (VICTOR RAMOS)


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