|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEPOIMENTO
"O processo de readaptação foi um período deprimente"
MARIA DE LOURDES DE MORAES PEZZUOL
ESPECIAL PARA A FOLHA
O magistério para mim
sempre esteve relacionado a
se doar à formação de outras
pessoas. Em 2002, infelizmente, precisei me ausentar
por problemas nas cordas vocais. Ficava muito rouca, no
final da semana mal conseguia falar. À época, tinha jornada de 36 horas semanais.
Fiquei um ano em licença
médica. Em 2003, voltei para
a escola estadual Vereador
Narciso Yague Guimarães como professora readaptada. A
sensação foi de perda total da
identidade profissional.
Muitas vezes, quando chegava ao estacionamento da
escola, me via chorando.
Meus ex- alunos me perguntavam: "Professora, quando
a senhora volta a dar aulas?".
O processo de readaptação
sugerido inicialmente foi de
dois anos. Foi um período deprimente. Realizava preenchimento de fichas, atendia
telefone, guichê etc.
Resolvi agir. Observei que
a sala de informática da escola não funcionava. Em 2004,
criei com alunos um projeto
para ela. No final daquele
ano, fui coordenar a biblioteca, e o projeto parou. Mas
voltamos em 2005, com a
chegada da nova gestora.
Em 2006, na procura de saber quem é o professor readaptado, pleiteei a bolsa de
mestrado da Secretaria da
Educação, com a proposta de
pesquisa "Identidade docente: A situação do professor
readaptado em escolas públicas do Estado de SP".
Verifiquei que o não reaproveitamento do profissional como educador gera acomodação ou insatisfação,
com prejuízos pessoais e profissionais para professores.
Atualmente, tento voltar.
Estou readaptada há sete
anos. Fiz novos exames. O
laudo médico foi favorável
ao retorno. Minha escola protocolou o pedido para cessação da readaptação em setembro de 2009, mas até agora não pude voltar.
MARIA DE LOURDES DE MORAES PEZZUOL
é professora da rede estadual há 19 anos
Texto Anterior: Análise: É necessário intervir de forma mais intensiva em prevenção Próximo Texto: Danuza Leão: De cultura etc. Índice
|