São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Rico aceita melhor publicidade em escola

Segundo Datafolha, 42% dos entrevistados com nível superior e 45% das classes A/B concordam com a prática

Para especialista, pais mais pobres ficam incomodados por não poderem ceder a apelos de consumo dos filhos

PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO

Distribuir folhetos e brindes dentro das escolas, vender produtos com o aval de diretores nas salas de aula.
Quanto maior escolaridade e renda, mais tolerância a esse tipo de ação publicitária, revela pesquisa Datafolha realizada em todo o país com 2.061 pessoas.
Segundo a pesquisa, feita a pedido do Instituto Alana, ONG que combate a publicidade voltada para crianças, 42% dos entrevistados com nível superior e 45% das classes A/B concordam com a prática. No total, porém, só 39% são favoráveis a esse tipo de abordagem, contra os 56% que são contrários.
Assim, quanto mais pobre, maior a tendência de discordar da publicidade.
Para Isabella Henriques, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, um motivo para essa resistência é o fato de os pais com menor poder aquisitivo ficarem mais incomodados em não poder ceder aos apelos dos filhos.
Marilene Proença, do Conselho Federal de Psicologia, concorda. "Os que têm mais acesso ao consumo talvez nunca tenham visto [a propaganda] como um problema."
O segundo motivo mais citado entre os que concordam com a propaganda é "poder conhecer e experimentar novos produtos", argumento que, segundo Henriques, está ligado ao consumismo.
Para ela, as ações são prejudiciais às crianças porque não entendem o caráter persuasivo da mensagem. Para piorar, diz, quando a ação ocorre na escola, tem a chancela dos professores.

LEGISLAÇÃO
Apesar de reprovada pela maioria dos entrevistados, a publicidade em escolas não é proibida na legislação.
Na semana passada, voltou a ser discutido no Congresso projeto de lei que restringe propaganda voltada ao público infantil, mas, por enquanto, o texto não prevê vetos em ambiente escolar.
O Simeesp, sindicato das escolas particulares de São Paulo, diz que não dá nenhuma orientação sobre permitir ou não ações publicitárias.
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo diz que esse tipo de ação é proibida nas escolas da rede. Na Secretaria Estadual, não há uma proibição, e cada caso é avaliado em particular.


Texto Anterior: Folha.com
Próximo Texto: Ronald McDonald promove saúde, diz empresa
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.