São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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Peixe e helicóptero viram armas contra doença

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Para contornar a escassez de recursos e ampliar as ações contra o mosquito ao menor custo possível, alguns municípios recorreram a soluções pouco convencionais -de peixes a helicópteros- para tentar manter a dengue sob controle.
Em Santos, o Programa Municipal de Combate à Dengue emprega peixes recolhidos nos canais de drenagem da cidade para povoar locais onde há dificuldade para remover água acumulada.
Conhecido como guaru, o peixe mede até cinco centímetros, se reproduz rapidamente e é um predador das larvas do Aedes aegypti. Segundo o coordenador do programa, Marcelo Brenna do Amaral, em todos os locais onde foi introduzido o peixe, os focos do mosquito desapareceram.
Esses locais são imóveis abandonados ou obras interrompidas de prédios que estão sob embargo judicial. Há 450 imóveis nessas condições em Santos.
"Se colocamos os dois num balde, os peixes parecem piranhas atacando as larvas", disse José Wilson Cardoso, supervisor de equipe de agentes de dengue.
Outro recurso empregado pelo programa é o sal grosso desperdiçado em operações no terminal do produto no porto da cidade. Sujo e escurecido, esse sal não serve para consumo, mas mata as larvas ao ser colocado em pneus, recipientes e poças d'água.
Relatório dos prefeitos da Baixada Santista aponta insuficiência de equipes para realizar adequadamente todas as visitas.
Em Sorocaba, que tem um único caso de dengue neste ano, a prefeitura aluga um helicóptero para achar caixas d'água destampadas no alto das casas. Durante o sobrevôo, um funcionário grava as imagens com uma câmara. Depois, outro assiste à fita e manda os agentes aos locais.
"Eliminamos mais de uma centena de criadouros", afirmou o secretário da Saúde, Vitor Lippi.
As ações antidengue de Sorocaba incluíram ainda o treinamento de 50 mil alunos de até 10 anos das redes de ensino pública e particular do município.
Eles foram submetidos a um curso de capacitação e receberam certificados de "agentes mirins" de combate à dengue.
"Muitos dos diagnósticos de focos foram feitos por meio das crianças, que detectaram larvas nas suas casas", disse o secretário.
Os templos evangélicos e as igrejas católicas também foram alvo das ações. Um texto para orientar as pessoas a respeito da dengue foi produzido especialmente para ser lido em cultos e missas. (FS e FL)


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