São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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INFÂNCIA

Segundo presidente da entidade, pesquisa mostra que maioria deixaria de consumir produtos feitos por mão-de-obra infantil

Abrinq quer influenciar políticas públicas

DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação Abrinq não deseja apenas divulgar iniciativas que resultem em melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes. A entidade espera também influenciar na adoção de políticas públicas para atender a esse segmento da população, segundo seu presidente, Helio Mattar, 55.
Engenheiro, Mattar já dirigiu, entre outras empresas privadas, a GE-Dako, e foi secretário de Política Industrial e de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, entre 1999 e 2000.
Ele participa ainda da diretoria do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e dos conselhos da International Youth Foundation e da Social Accountability International. Na semana passada, esteve em Genebra, na Suíça, para uma reunião da última associação, que regulariza condições de trabalho. Leia a seguir trechos de entrevista concedida por e-mail.

Folha - Os vencedores do Prêmio Criança não recebem dinheiro, mas o reconhecimento da fundação Abrinq. Qual é o retorno das instituições premiadas?
Helio Mattar -
Em 12 anos de premiação, os vencedores sempre se beneficiaram de uma grande visibilidade e, como consequência, do fortalecimento de imagem da pessoa ou da entidade premiada. Para muitos desses vencedores, a premiação fez enorme diferença, permitindo uma credibilidade adicional e uma visibilidade que muito contribuíram para o crescimento e fortalecimento de suas atividades.
Nesse sentido, é muito bom o exemplo dos Doutores da Alegria [premiados em 1997", hoje passando por uma etapa de disseminação expressiva de suas atividades. A logomarca do prêmio aparece em sua comunicação institucional, refletindo a certeza que tiveram de que o fato ajudaria no seu desenvolvimento e expansão.

Folha - Depois de 12 edições o prêmio passou por uma reestruturação. Por quê?
Mattar -
O crescimento ou afirmação institucional ou pessoal conquistada pelos vencedores com a nossa premiação, embora importante para eles, pareceu insuficiente para nós. Buscamos agora conhecer os elementos da metodologia e criar condições para que essa iniciativa possa ser inspiradora e disseminada em outros ambientes, seja por entidades sociais, seja pelos governos.
A Fundação Abrinq constatou que as ações da sociedade civil, por sua criatividade, articulação e resultados efetivos poderiam ampliar o seu impacto e servir como referência e inspiração.

Folha - Há planos de disponibilizar um banco de idéias a partir dos modelos premiados? As iniciativas dos outros finalistas também podem ser aproveitadas?
Mattar -
Inicialmente, as 16 finalistas serão apresentadas ao público em um catálogo a ser lançado no evento de premiação, e estarão à disposição para quem quiser conhecê-las melhor.
As quatro vencedoras receberão tratamento especial de nossa parte, com registro e sistematização da metodologia utilizada, podendo ser conhecidas de maneira mais detalhada, em um formato que possa propiciar os elementos para serem reeditadas. Esse material estará disponível em um banco de dados em nosso site e em materiais específicos sobre cada uma das iniciativas.

Folha - Qual é o balanço que a fundação faz de suas atividades?
Mattar -
Nosso novo desafio é construir condições que viabilizem o aumento significativo do impacto das ações de transformação da situação da infância e adolescência em nosso país. Assim, continuamos operando projetos referenciais e direcionamos nossa energia também para influenciar políticas públicas, pois acreditamos que só elas poderão garantir a universalização dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Em 2001, aproximadamente 900 mil crianças foram envolvidas em nossas atividades, adicionadas aproximadamente 1,5 milhão nos programas das Empresas Amigas da Criança. A esses números pode-se adicionar cerca de 22 milhões de crianças beneficiadas pelas administrações municipais ligadas ao programa Prefeito Amigo da Criança e que envolve 1.300 municípios de todo o Brasil.

Folha - Como está a procura dos empresários para associar suas marcas à fundação? Existe alguma pesquisa sobre o retorno do consumidor dos produtos que têm o selo de Empresa Amiga da Criança?
Mattar -
Não temos uma pesquisa específica sobre o retorno do consumidor em relação às Empresas Amigas da Criança, selo que concedemos a empresas que assumem conosco um compromisso social com a infância. Mas sabemos, por uma pesquisa do instituto Ethos e da Indicator, que 68% dos entrevistados afirmaram que deixariam de comprar algum produto que utilizasse mão-de-obra infantil. E que 44% são estimulados a adquirir produtos de empresas que colaboram com escolas, postos de saúde e entidades sociais da comunidade.
A atuação social empresarial não pode mais ser considerada uma tendência, mas sim um fato. Não tenho dúvida sobre os benefícios de imagem dessas empresas junto ao consumidor.

Folha - Os objetivos da fundação de articular a sociedade em favor da criança e do adolescente estão sendo alcançados?
Mattar -
O nosso trabalho, assim como o de várias organizações, tem alcançado resultado. De 1990, quando fomos criados, até agora, novos recursos da sociedade e do setor privado foram mobilizados para investir em novas iniciativas que, de alguma maneira, beneficiaram centenas de milhares de crianças e adolescentes no país.



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