|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morador espera emprego e vê falta de casas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS (PR)
Os moradores de Catanduvas, município cuja
principal atividade é a
agropecuária, esperam
desconfiados que a instalação da primeira penitenciária federal traga algum
benefício a eles, especialmente empregos.
"Deveria vir fábrica para
cá, não cadeia. Mas como
hoje parece que o que cresce é a bandidagem, vamos
ver se pelo menos sobra algum emprego indireto",
afirma Ivo Antônio da
Costa, 65, pequeno produtor rural do município.
Empregos diretos, porém, a penitenciária não
gerou aos moradores. Dos
250 aprovados no concurso para agente penitenciário -168 deles já contratados-, nenhum é morador
de Catanduvas ou de alguma cidade da região.
A chegada dos "estrangeiros" acabou criando
uma falta de moradias em
Catanduvas. "O problema
é a falta de ofertas, será
preciso construir casas para alugar ou vender para os
funcionários", afirma Romeu Becker, 28, corretor
na única imobiliária da cidade. Segundo Becker, um
lote vazio na cidade custa
de R$ 10 mil a R$ 15 mil.
A instalação da penitenciária na cidade foi aprovada em uma consulta popular no início do ano passado. Segundo Hélio João
Bernartt, 62, secretário de
Administração e primo do
prefeito de Catanduvas,
Aldoir Bernart (PMDB), a
maioria absoluta dos moradores aprovou a doação
de um terreno de 100 mil
m2 ao governo federal.
"Era uma área de pedreira, sem valor. Todo
mundo espera um aumento no comércio da cidade
com a criação da penitenciária. Mas é claro que
existem os descontentes",
afirma o secretário.
O casal Alisto, 61, e Odila Toigo, 59, vizinhos mais
próximos da nova penitenciária, está entre os
descontentes. "Nem falo
do medo de rebelião ou da
chegada de bandidos na
cidade. Nosso prejuízo foi
a localização do presídio.
De cara a gente já perdeu
na valorização do nosso
terreno", afirma Odila.
Alisto diz que chegou a
receber, há um ano, uma
proposta de R$ 200 mil
para os 7,2 hectares de sua
propriedade (um hectare
corresponde a 10 mil m2),
onde cria gado de leite.
"Hoje, ninguém mais se
interessa, pois ser vizinho
de presídio não é de interesse de ninguém", lamenta ele.
(JOSÉ MASCHIO)
Texto Anterior: Governo inaugura hoje sua superprisão Próximo Texto: Estados devem disputar vagas para "seus" presos Índice
|