São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Morador espera emprego e vê falta de casas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS (PR)

Os moradores de Catanduvas, município cuja principal atividade é a agropecuária, esperam desconfiados que a instalação da primeira penitenciária federal traga algum benefício a eles, especialmente empregos.
"Deveria vir fábrica para cá, não cadeia. Mas como hoje parece que o que cresce é a bandidagem, vamos ver se pelo menos sobra algum emprego indireto", afirma Ivo Antônio da Costa, 65, pequeno produtor rural do município.
Empregos diretos, porém, a penitenciária não gerou aos moradores. Dos 250 aprovados no concurso para agente penitenciário -168 deles já contratados-, nenhum é morador de Catanduvas ou de alguma cidade da região.
A chegada dos "estrangeiros" acabou criando uma falta de moradias em Catanduvas. "O problema é a falta de ofertas, será preciso construir casas para alugar ou vender para os funcionários", afirma Romeu Becker, 28, corretor na única imobiliária da cidade. Segundo Becker, um lote vazio na cidade custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil.
A instalação da penitenciária na cidade foi aprovada em uma consulta popular no início do ano passado. Segundo Hélio João Bernartt, 62, secretário de Administração e primo do prefeito de Catanduvas, Aldoir Bernart (PMDB), a maioria absoluta dos moradores aprovou a doação de um terreno de 100 mil m2 ao governo federal.
"Era uma área de pedreira, sem valor. Todo mundo espera um aumento no comércio da cidade com a criação da penitenciária. Mas é claro que existem os descontentes", afirma o secretário.
O casal Alisto, 61, e Odila Toigo, 59, vizinhos mais próximos da nova penitenciária, está entre os descontentes. "Nem falo do medo de rebelião ou da chegada de bandidos na cidade. Nosso prejuízo foi a localização do presídio. De cara a gente já perdeu na valorização do nosso terreno", afirma Odila.
Alisto diz que chegou a receber, há um ano, uma proposta de R$ 200 mil para os 7,2 hectares de sua propriedade (um hectare corresponde a 10 mil m2), onde cria gado de leite. "Hoje, ninguém mais se interessa, pois ser vizinho de presídio não é de interesse de ninguém", lamenta ele. (JOSÉ MASCHIO)


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