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Após troca, FAB garante espaço aéreo seguro
Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, assegurou ainda que não haverá problemas durante os Jogos Pan-Americanos
Para tentar acabar com a crise ontem, a FAB deslocou militares e equipamentos do sistema de defesa aérea ao controle de tráfego civil
Jamil Bittar/Reuters
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Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, fala sobre a ação da FAB para tentar acabar com crise |
DA COLUNISTA DA FOLHA
DA SUCURSAL DE BR ASÍLIA
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, assegurou ontem que o sistema
implantado de emergência é
"seguríssimo" e que não haverá
problemas durante a realização
dos Jogos Pan-Americanos, no
Rio, no próximo mês.
"Todo o controle será militar.
A população pode ficar tranqüila, porque tomamos as medidas
necessárias", disse Saito. "E vamos assegurar a normalidade
no Pan", acrescentou.
"Agora existe a segurança de
que o cenário não vai mudar a
cada dez minutos. Minha perspectiva é de que até amanhã
[hoje] de manhã já esteja tudo
resolvido", disse o brigadeiro
José Carlos Pereira, presidente
da Infraero (estatal que administra os aeroportos).
A base da operação deflagrada ontem para debelar o movimento dos controladores e acabar com a crise aérea no país
consistiu em deslocar militares, instalações e equipamentos do sistema de segurança e
defesa aérea para o controle de
tráfego de aviões civis.
Juniti Saito afirmou que os
oficiais destacados são de "alta
qualificação" e têm, ainda,
"grande experiência".
O eixo do plano foi a instalação de consoles na base do morro de Santa Tereza, no Espírito
Santo, onde há um radar que
pode suprir uma eventual parada do Cindacta-1, localizado em
Brasília e responsável por controlar o Sudeste.
Saito explicou que essa espécie de "Cindacta-5" ficará de
stand-by e só será acionado em
caso de emergência.
Há, ainda, uma espécie de
centro de controle móvel e
transportável que pode ser destinado a algum outro ponto do
país, caso seja necessário. No
plano da Força Aérea Brasileira, essas operações podem durar até 48 horas para serem ativadas. Saito, por isso, deixou
claro que a Aeronáutica trabalha com uma espécie de escalonamento: em caso de recrudescimento da crise, a operação
volta aos poucos e pode ser normalizada em poucos dias
-conforme garantiu a Lula.
Uma outra medida foi a ampliação do "tubulão", uma rota
habitual entre Rio e São Paulo e
que agora vai passar por Belo
Horizonte e seguir para o Nordeste. Com isso, o sistema de
controle de Minas Gerais será
mais utilizado, aliviando a carga dos demais.
De acordo com Saito, a Aeronáutica e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estão se
reunindo 24 horas por dia a
partir de ontem com representantes das empresas aéreas para acompanhar as operações.
"Está tudo bem?"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem para o brigadeiro às 17h50, no
meio de uma conversa dele
com um grupo de jornalistas.
No relato de Saito, Lula lhe disse que tinha gostado das declarações para a imprensa que ele
lera mais cedo e queria informações: "Está tudo bem?" O
brigadeiro respondeu que sim.
A Aeronáutica dizia receber
relatos sobre as operações de
pouso e decolagem no país de
15 em 15 minutos.
Lula decidiu endurecer de
vez com os controladores por
se convencer de que prepondera na crise aérea um ingrediente político. Segundo apurou a
Folha, pesquisa de opinião pública encomendada pelo Palácio do Planalto também apontou desgaste de sua imagem,
sobretudo na classe média.
Lula se sentiu com força para
liberar a prisão dos controladores sem risco de paralisia completa do sistema, o que temeu
no motim de março. Motivo:
hoje, considera que a Aeronáutica tem um plano B.
Em reunião de emergência
ontem de manhã com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o
comandante da Aeronáutica,
ele disse que estava de "saco
cheio" e que os controladores
deviam "respeito" aos passageiros e "obediência" ao governo e à Aeronáutica.
Colaboraram KENNEDY ALENCAR , LETÍCIA
SANDER e PEDRO DIAS LEITE , da Sucursal de
Brasília
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