São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Para punidos, decisão põe aviação em risco

Segundo eles, os profissionais do Núcleo de Controle de Defesa Aérea que os substituirão não têm experiência no setor comercial

Força Sindical ameaçou parar todos os aeroportos em apoio aos controladores; medida do governo foi considerada autoritária

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de substituir os controladores afastados do Cindacta-1 por profissionais do Núcleo de Controle de Defesa Aérea põe em risco a aviação no país, segundo avaliaram ontem os punidos pela FAB sob acusação de insubordinação.
"É um trabalho completamente diferente. É muito arriscado o que fizeram, são profissionais que não têm experiência no controle da aviação comercial, o que causa perigo para o tráfego aéreo brasileiro", disse a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), uma das porta-vozes dos controladores. O Núcleo de Controle de Defesa Aérea tem como função identificar se o espaço aéreo brasileiro está sendo invadido.
São profissionais que, segundo os controladores, não têm experiência no controle da atividade comercial. A decisão de governo de isolar as lideranças no setor também foi considerada equivocada pelos controladores, que consideraram que a medida pode agravar ainda mais a crise. O melhor caminho, segundo eles, seria o diálogo. A avaliação é que a dificuldade está no comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que, ao contrário do seu antecessor, Luiz Carlos Bueno, não aceitaria dialogar.
A informação de que seriam punidos com a transferência foi dada ontem aos controladores logo após Saito anunciar a decisão do governo. Eles foram chamados ao Cindacta-1, onde tiveram que assinar documentos que tratavam da transferência, segundo relatou um deles.

Força Sindical
Força Sindical -que representa quase 2.000 sindicatos-, Ministério Público do Trabalho de São Paulo, Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) repudiaram as medidas tomadas pela Aeronáutica. A Força Sindical divulgou nota na qual "ameaça parar todos os aeroportos" do país. "Na próxima segunda-feira vamos procurar as lideranças dos controladores e, se eles decidirem que o caminho é esse, vamos trancar os aeroportos", afirmou Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT-SP.
"Quem mandava prender era a ditadura. Não podemos aceitar que um governo de trabalhadores prenda trabalhadores", disse o dirigente da Força. O PSOL pretende entrar também na segunda com uma representação no Ministério Público Militar em Brasília contra a prisão do sargento Carlos Trifilio e de Moisés de Almeida, dirigentes da federação dos controladores.
"Está tendo uma perseguição por parte da Aeronáutica aos controladores e até a mim também, como representante do Ministério Público do Trabalho", disse o procurador Fábio Fernandes, responsável por apurar as condições de trabalho da categoria em São Paulo.
A pedido de Saito, a Corregedoria Geral do Ministério Público do Trabalho abriu sindicância para apurar se Fernandes "incitou controladores". "Eu acho que o princípio da liberdade sindical é se expressar. Esse direito é garantido, independentemente das regras militares", afirmou Celso Augusto Schröder, secretário-geral da Fenaj.


noshade> Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local


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