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Em meio a brigas, invasores deixam a USP
Estudantes e servidores saíram da reitoria, ocupada havia 50 dias, depois que a reitora assinou a carta de propostas
Houve conflitos entre os próprios estudantes e agressões a jornalistas que tentavam registrar a situação no interior do prédio
ROGÉRIO PAGNAN
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os estudantes e servidores da
USP desocuparam ontem o
prédio da reitoria da universidade, na zona oeste de São Paulo, invadido havia 50 dias. A ordem judicial para reintegração
de posse, determinada pela
Justiça em 16 de maio, não foi
cumprida pela Polícia Militar.
Ao contrário da festa que os
manifestantes planejavam no
auge do movimento, a desocupação foi marcada por protestos, brigas entre manifestantes
e agressões a jornalistas.
A confusão começou logo
após as 18h05, quando foi iniciada a desocupação. Repórteres que tentaram registrar a situação do interior da reitoria
deixada pelos invasores foram
expulsos a empurrões. Do lado
externo, os invasores também
jogaram água nos jornalistas.
Os conflitos também envolveram os próprios estudantes,
que se agrediram com socos e
chutes. Na briga estavam alunos contrários e favoráveis à
desocupação. Os derrotados na
assembléia de anteontem, que
aprovou a saída, carregavam
faixas acusando de traição e
manobras os integrantes de
partidos políticos.
A saída dos manifestantes estava prevista inicialmente para
as 16h, mas só começou duas
horas depois, quando eles receberam um documento assinado pela reitora, Suely Vilela,
com as propostas oferecidas
pela reitoria e aceitas na assembléia realizada anteontem.
No documento, intermediado por um grupo de professores, Suely atende praticamente
a todos os pedidos dos alunos,
mas faz algumas ressalvas.
Sobre a não-punição, que nas
duas últimas semanas se tornou um das principais solicitações de alunos e servidores, ela
garantiu que não haverá expulsões nem demissões quanto às
manifestações estudantis e sindicais (incluindo a ocupação).
Mas, sobre os "excessos"
-como ameaças-, eventuais
furtos e depredações, a reitora
diz que haverá apuração interna e punição dos responsáveis.
Em relação a um dos temas
mais importantes, a criação de
um congresso para discutir reformas no estatuto da USP,
Suely disse que a universidade
dará ajuda "na medida das suas
possibilidades".
A desocupação do prédio pelos alunos estava condicionada,
além da assinatura do documento pela reitora, à aprovação
pelos servidores que participam da invasão. A assembléia
terminou minutos antes do
prazo máximo para saída, 17h,
quando a proposta da reitoria
perderia o valor. Participaram
cerca de 200 pessoas.
O horário inicial era 16h, mas
foi estendido ao longo do dia
pela reitora após atraso na entrega da proposta à categoria.
Em suma, os servidores aceitaram os mesmos termos de
não-punição oferecidos aos estudantes, o não-desconto dos
dias parados e um reajuste de
3,37%. Outros pontos serão
discutidos depois.
Além da desocupação, os trabalhadores concordaram em
suspender a greve, iniciada havia um mês. Os alunos ainda
continuam em greve.
Suely foi procurada ontem
para comentar o assunto, mas a
assessoria da universidade informou que ela só falaria por
meio de nota. Nesse documento, a reitora diz que "apesar das
dificuldades encontradas, conseguiu superar os entraves por
meio do diálogo".
De acordo com a universidade, a expectativa é que a normalidade dos trabalhos na reitoria
não ocorra em menos de seis
meses. Além disso, prazos de
processo judiciais e de licitações foram perdidos.
A desocupação terminou por
volta das 19h, quando seguranças assumiram o prédio. Eles
também não autorizaram a entrada da imprensa no local. Por
volta das 21h, a procuradora-chefe da USP, Ana Maria Cruz,
esteve no prédio da reitoria para analisar a situação. Ela acionou o Instituto de Criminalística para fazer uma perícia.
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