São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Em meio a brigas, invasores deixam a USP

Estudantes e servidores saíram da reitoria, ocupada havia 50 dias, depois que a reitora assinou a carta de propostas

Houve conflitos entre os próprios estudantes e agressões a jornalistas que tentavam registrar a situação no interior do prédio

ROGÉRIO PAGNAN
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os estudantes e servidores da USP desocuparam ontem o prédio da reitoria da universidade, na zona oeste de São Paulo, invadido havia 50 dias. A ordem judicial para reintegração de posse, determinada pela Justiça em 16 de maio, não foi cumprida pela Polícia Militar.
Ao contrário da festa que os manifestantes planejavam no auge do movimento, a desocupação foi marcada por protestos, brigas entre manifestantes e agressões a jornalistas.
A confusão começou logo após as 18h05, quando foi iniciada a desocupação. Repórteres que tentaram registrar a situação do interior da reitoria deixada pelos invasores foram expulsos a empurrões. Do lado externo, os invasores também jogaram água nos jornalistas.
Os conflitos também envolveram os próprios estudantes, que se agrediram com socos e chutes. Na briga estavam alunos contrários e favoráveis à desocupação. Os derrotados na assembléia de anteontem, que aprovou a saída, carregavam faixas acusando de traição e manobras os integrantes de partidos políticos.
A saída dos manifestantes estava prevista inicialmente para as 16h, mas só começou duas horas depois, quando eles receberam um documento assinado pela reitora, Suely Vilela, com as propostas oferecidas pela reitoria e aceitas na assembléia realizada anteontem.
No documento, intermediado por um grupo de professores, Suely atende praticamente a todos os pedidos dos alunos, mas faz algumas ressalvas.
Sobre a não-punição, que nas duas últimas semanas se tornou um das principais solicitações de alunos e servidores, ela garantiu que não haverá expulsões nem demissões quanto às manifestações estudantis e sindicais (incluindo a ocupação).
Mas, sobre os "excessos" -como ameaças-, eventuais furtos e depredações, a reitora diz que haverá apuração interna e punição dos responsáveis.
Em relação a um dos temas mais importantes, a criação de um congresso para discutir reformas no estatuto da USP, Suely disse que a universidade dará ajuda "na medida das suas possibilidades".
A desocupação do prédio pelos alunos estava condicionada, além da assinatura do documento pela reitora, à aprovação pelos servidores que participam da invasão. A assembléia terminou minutos antes do prazo máximo para saída, 17h, quando a proposta da reitoria perderia o valor. Participaram cerca de 200 pessoas.
O horário inicial era 16h, mas foi estendido ao longo do dia pela reitora após atraso na entrega da proposta à categoria.
Em suma, os servidores aceitaram os mesmos termos de não-punição oferecidos aos estudantes, o não-desconto dos dias parados e um reajuste de 3,37%. Outros pontos serão discutidos depois.
Além da desocupação, os trabalhadores concordaram em suspender a greve, iniciada havia um mês. Os alunos ainda continuam em greve.
Suely foi procurada ontem para comentar o assunto, mas a assessoria da universidade informou que ela só falaria por meio de nota. Nesse documento, a reitora diz que "apesar das dificuldades encontradas, conseguiu superar os entraves por meio do diálogo".
De acordo com a universidade, a expectativa é que a normalidade dos trabalhos na reitoria não ocorra em menos de seis meses. Além disso, prazos de processo judiciais e de licitações foram perdidos.
A desocupação terminou por volta das 19h, quando seguranças assumiram o prédio. Eles também não autorizaram a entrada da imprensa no local. Por volta das 21h, a procuradora-chefe da USP, Ana Maria Cruz, esteve no prédio da reitoria para analisar a situação. Ela acionou o Instituto de Criminalística para fazer uma perícia.


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