São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Policiais são denunciados por suspeita de venda de grampos

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O Ministério Público Federal de Marília denunciou 19 pessoas, entre elas, seis agentes públicos, suspeitos de pertencer à quadrilha do empresário Arineu Zocante, especializada em estelionato, seqüestros e venda de escutas telefônicas a empresários envolvidos com adulteração de combustível.
Todos foram detidos na Operação Oeste feita pela PF em abril deste ano em quatro Estados. No total, foram 43 prisões.
Segundo o procurador da República Célio Vieira da Silva, esse é apenas o primeiro bloco das denúncias envolvendo o grupo. Os chefes do bando são Arineu Zocante, que está foragido, e José Pins, que está preso no Paraná. Os dois eram os mentores dos golpes.
"Denunciamos agora os envolvidos em crimes contra a União. Os casos de seqüestro correm em sigilo. No total, são 16 seqüestros, mas pode haver outros", disse Silva.
A investigação começou para deflagrar a quadrilha que oferecia a empresários máquinas agrícolas por preços abaixo do mercado. Quando os compradores se deslocavam para buscar o equipamento, eram aprisionados, mantidos em cativeiros e libertados apenas após o pagamento de uma quantia em dinheiro.
Por meio das escutas telefônicas, o Ministério Público Federal descobriu uma rede de crimes e de policiais federais e civis que davam cobertura ao bando. Entre eles, o agente federal Celso Ferreira, o policial civil aposentado Adagoberto José, o técnico em telecomunicações Mohamed Nasser Abucarma e um empresário do setor de combustíveis de Paulínia, que está colaborando com o MPF nas investigações.
Segundo as denúncias, os agentes federais realizavam escutas clandestinas e também vendiam informações de escutas feitas pela PF.

Outro lado
O advogado João Batista Ferrario, defensor do delegado João Vicente Camacho Ferrario, preso há 55 dias, é um dos que diz não ter tido acesso à acusação contra seu cliente.
"Não tenho acesso integral às cópias dos processos e os meus colegas também não. Essa dificuldade é uma afronta à Constituição federal", afirmou.
Ferrario também disse que entrou com pedido de habeas corpus e até agora o documento não foi analisado pela Justiça.
"Exerço a advocacia há 17 anos e essa é a primeira vez que isto acontece na minha carreira. Todos estão presos e não conseguimos exercer o direito de defesa. Eles estão indefesos não por culpa da defesa e sim por culpa da Justiça", disse.
A mesma reclamação é feita pelo advogado Marcos Claudinei Pereira Gimenes, que defende seis detidos durante a operação.
"Todos nós advogados estamos tendo o mesmo problema: falta de acesso aos processos. Eles também dificultam a vida do advogado para acompanhar os depoimentos das pessoas presas. Já acionamos a OAB para nos ajudar nessas questões", afirmou.


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