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Policiais são denunciados por suspeita de venda de grampos
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público Federal
de Marília denunciou 19 pessoas, entre elas, seis agentes
públicos, suspeitos de pertencer à quadrilha do empresário
Arineu Zocante, especializada
em estelionato, seqüestros e
venda de escutas telefônicas a
empresários envolvidos com
adulteração de combustível.
Todos foram detidos na Operação Oeste feita pela PF em
abril deste ano em quatro Estados. No total, foram 43 prisões.
Segundo o procurador da República Célio Vieira da Silva,
esse é apenas o primeiro bloco
das denúncias envolvendo o
grupo. Os chefes do bando são
Arineu Zocante, que está foragido, e José Pins, que está preso
no Paraná. Os dois eram os
mentores dos golpes.
"Denunciamos agora os envolvidos em crimes contra a
União. Os casos de seqüestro
correm em sigilo. No total, são
16 seqüestros, mas pode haver
outros", disse Silva.
A investigação começou para
deflagrar a quadrilha que oferecia a empresários máquinas
agrícolas por preços abaixo do
mercado. Quando os compradores se deslocavam para buscar o equipamento, eram aprisionados, mantidos em cativeiros e libertados apenas após o
pagamento de uma quantia em
dinheiro.
Por meio das escutas telefônicas, o Ministério Público Federal descobriu uma rede de
crimes e de policiais federais e
civis que davam cobertura ao
bando. Entre eles, o agente federal Celso Ferreira, o policial
civil aposentado Adagoberto
José, o técnico em telecomunicações Mohamed Nasser Abucarma e um empresário do setor de combustíveis de Paulínia, que está colaborando com
o MPF nas investigações.
Segundo as denúncias, os
agentes federais realizavam escutas clandestinas e também
vendiam informações de escutas feitas pela PF.
Outro lado
O advogado João Batista Ferrario, defensor do delegado
João Vicente Camacho Ferrario, preso há 55 dias, é um dos
que diz não ter tido acesso à
acusação contra seu cliente.
"Não tenho acesso integral às
cópias dos processos e os meus
colegas também não. Essa dificuldade é uma afronta à Constituição federal", afirmou.
Ferrario também disse que
entrou com pedido de habeas
corpus e até agora o documento
não foi analisado pela Justiça.
"Exerço a advocacia há 17
anos e essa é a primeira vez que
isto acontece na minha carreira. Todos estão presos e não
conseguimos exercer o direito
de defesa. Eles estão indefesos
não por culpa da defesa e sim
por culpa da Justiça", disse.
A mesma reclamação é feita
pelo advogado Marcos Claudinei Pereira Gimenes, que defende seis detidos durante a
operação.
"Todos nós advogados estamos tendo o mesmo problema:
falta de acesso aos processos.
Eles também dificultam a vida
do advogado para acompanhar
os depoimentos das pessoas
presas. Já acionamos a OAB para nos ajudar nessas questões",
afirmou.
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