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Lama e cheiro de carniça invadem Palmares (PE)
No centro, em ruínas após cheias, moradores usam máscaras cirúrgicas
Mesmo fechadas, lojas mantêm funcionários para evitar saques; ontem à noite, voltou a chover forte na região
ANA FLOR
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS A PALMARES (PE)
Em Palmares, uma das cidades mais afetadas pelas
chuvas em Pernambuco, moradores enfrentam lama e um
cheiro de carniça em meio a
destroços. Muitos usavam
máscaras cirúrgicas ontem
nas ruas. Estoques de botas
de borracha se esgotaram.
O centro do município, a
129 km de Recife, está em ruínas. Até as paredes da igreja
desmoronaram. Carros avariados pela chuva, que atinge
a região há uma semana, estão abandonados. Pilhas de
restos de móveis, roupas, sapatos entulham as calçadas.
Quem pode carrega colchões e sofás nas costas ou
em carrinhos de mão.
Equipes da Defesa Civil e
da Polícia Militar foram enviadas à cidade. Além de ajudar desabrigados, tentam
conter saques. Mas os PMs
não conseguem saber se os
moradores carregam seus
bens ou os de outras pessoas.
Muitas lojas continuam fechadas, mas há funcionários
para evitar saques. "Um dia
depois da cheia, tinha gente
vendendo geladeira roubada
a R$ 100", conta a moradora
Veridiana Santos.
"Fugimos levando o que
dava", diz Poliana Maria da
Silva, 24. Ela foi morar com
um parente na parte alta da
cidade, que não foi atingida.
Ontem, Poliana lavava
roupa na praça do Cocão do
Padre, centro, único lugar
com água potável na cidade
de 59 mil habitantes. Ao lado
dela, moradores formavam
fila para buscar água e outros
tomavam banho ao ar livre.
LONGE DO FINAL
As chuvas destruíram
duas pontes. No cartório de
registros, 80% dos documentos se perderam.
O maior receio é ver o rio
Una voltar a subir levando o
que resta de casas e ruas. Ontem, voltou a chover forte no
começo da noite. Quem vive
na região diz que a estação de
chuvas está longe do final.
À tarde, a Folha acompanhou Irene Maria da Conceição, 57, e José Ferreira da Silva, 65, no prédio onde vendem sapatos, no centro. A
banca de madeira havia virado estacas no chão. "Não ficou nada", disse Ferreira.
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