São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Lama e cheiro de carniça invadem Palmares (PE)

No centro, em ruínas após cheias, moradores usam máscaras cirúrgicas

Mesmo fechadas, lojas mantêm funcionários para evitar saques; ontem à noite, voltou a chover forte na região

ANA FLOR
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS A PALMARES (PE)

Em Palmares, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas em Pernambuco, moradores enfrentam lama e um cheiro de carniça em meio a destroços. Muitos usavam máscaras cirúrgicas ontem nas ruas. Estoques de botas de borracha se esgotaram.
O centro do município, a 129 km de Recife, está em ruínas. Até as paredes da igreja desmoronaram. Carros avariados pela chuva, que atinge a região há uma semana, estão abandonados. Pilhas de restos de móveis, roupas, sapatos entulham as calçadas.
Quem pode carrega colchões e sofás nas costas ou em carrinhos de mão.
Equipes da Defesa Civil e da Polícia Militar foram enviadas à cidade. Além de ajudar desabrigados, tentam conter saques. Mas os PMs não conseguem saber se os moradores carregam seus bens ou os de outras pessoas.
Muitas lojas continuam fechadas, mas há funcionários para evitar saques. "Um dia depois da cheia, tinha gente vendendo geladeira roubada a R$ 100", conta a moradora Veridiana Santos.
"Fugimos levando o que dava", diz Poliana Maria da Silva, 24. Ela foi morar com um parente na parte alta da cidade, que não foi atingida.
Ontem, Poliana lavava roupa na praça do Cocão do Padre, centro, único lugar com água potável na cidade de 59 mil habitantes. Ao lado dela, moradores formavam fila para buscar água e outros tomavam banho ao ar livre.

LONGE DO FINAL
As chuvas destruíram duas pontes. No cartório de registros, 80% dos documentos se perderam.
O maior receio é ver o rio Una voltar a subir levando o que resta de casas e ruas. Ontem, voltou a chover forte no começo da noite. Quem vive na região diz que a estação de chuvas está longe do final.
À tarde, a Folha acompanhou Irene Maria da Conceição, 57, e José Ferreira da Silva, 65, no prédio onde vendem sapatos, no centro. A banca de madeira havia virado estacas no chão. "Não ficou nada", disse Ferreira.


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