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AMBIENTE
Futuros empreendimentos são excluídos do mecanismo de regularização
Alckmin veta obras novas em área de manancial
MARIANA VIVEIROS
RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sancionou ontem uma alteração da Lei de Mananciais, vetando o parágrafo que permitia a legalização
de empreendimentos futuros nas
regiões protegidas mediante a
aquisição e preservação de uma
área verde proporcional.
O veto, uma reivindicação dos
ambientalistas, deve contribuir
para o congelamento da ocupação nas áreas de mananciais, fundamentais para o abastecimento
de água na Grande São Paulo, que
enfrentou racionamento nos últimos dois anos. Segundo o secretário do Meio Ambiente, José Goldemberg, ao proibir a regularização de obras futuras, o veto desestimula novas invasões.
Para orientar a população local
sobre a lei, a secretaria vai investir
quase R$ 1 milhão para instalar
um escritório na área da represa
Billings e contratar fiscais (número não definido).
O projeto sancionado prevê aos
donos ou moradores de imóveis
já instalados nesses locais a possibilidade de compra e manutenção
de área verde não-contígua como
forma de regularizar a ocupação.
Previstos por lei para serem
uma grande área de preservação e
lazer, os 3.431 km2 formados pelos
sistemas de abastecimento Cantareira e Alto Tietê e pelas represas
Guarapiranga e Billings vêm sendo ocupados irregularmente há
cerca de duas décadas e têm hoje
mais de 1,5 milhão de moradores.
Idealizada no ano passado pelo
então secretário do Meio Ambiente e hoje deputado estadual
Ricardo Tripoli (PSDB), a mudança na lei ainda é criticada por
ambientalistas e representantes
das prefeituras das cidades às
margens dos mananciais.
Eles consideram a proposta
uma anistia à ocupação irregular,
que não prevê a recuperação das
regiões degradadas e é impossível
de ser colocada em prática, já que
muitas áreas são ocupadas por
população de baixa renda.
A assessoria de Tripoli informou ontem que o deputado estava fazendo campanha no interior
do Estado e não pôde ser localizado para comentar o assunto.
O outro parágrafo vetado estabelecia um tratamento diferenciado para empreendimentos como clubes e parques temáticos.
Os dois vetos à lei sancionada ainda podem ser derrubados na Assembléia Legislativa.
Ambientalistas
Evitou-se um "mal maior". Assim ambientalistas ouvidos pela
Folha definiram a mudança na lei com os vetos.
"A lei tem vários problemas, mas o principal era a anistia antecipada", diz João Capobianco, do Instituto Socioambiental.
Carlos Bocuhy, conselheiro do Conselho Estadual do Meio Ambiente, afirma que "a questão não é tirar ou não tirar [os moradores], é recuperar as áreas".
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