São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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SALVADOR

Estudante atingido está internado em estado grave

Policial atropela e mata duas mulheres que faziam exercício

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Um policial que dirigia um carro da 12ª Delegacia de Polícia de Itapuã (orla de Salvador) atropelou e matou ontem de manhã duas mulheres que faziam exercícios físicos na avenida Luís Eduardo Magalhães, uma das principais ligações entre o centro e o litoral norte da capital baiana.
Segundo testemunhas, João Carlos Paranhos Cerqueira, 51, estava em alta velocidade quando perdeu o controle do carro e atingiu Lindaura da Silva, 60, e Cremilda Pereira Farias, 52, que tiveram morte instantânea.
O estudante Márcio José da Silva Barbosa, 21, estava em estado grave no Hospital Geral do Estado. O carro caiu em uma ribanceira de cerca de 50 metros, arrastando as três vítimas.
Cerqueira tinha saído de casa pouco antes das 7h para buscar a delegada Maria Nascimento em Vilas do Atlântico (litoral norte).
Com ferimentos leves nas pernas e no peito, o policial usou seu celular para chamar um táxi e teria deixado o local antes do socorro médico, segundo testemunhas.
A delegada Maria Nascimento disse que o policial deve ser indiciado por duplo homicídio culposo. Ele não se pronunciou. Segundo ela, após ter alta da clínica onde está internado, Cerqueira deve depor. "Também já fizemos a perícia no local para saber se houve uma falha mecânica ou humana."
Ela também disse que vai recorrer a radares da avenida para saber a velocidade do veículo na hora do acidente. Apesar de a prefeitura estar proibida de cobrar multas, os radares ficam ligados das 6h às 22h. A velocidade máxima na via é 80 km/h.

Acidentes
Há uma semana, o farmacêutico Edelmar Leite atropelou cinco pessoas em um ponto de ônibus. Duas mulheres tiveram as pernas amputadas. Leite confessou ter bebido "dois copos de cerveja".
O número de acidentes na cidade cresceu após a proibição do uso de radares e fotossensores para cobrar multas, segundo a SET (Secretaria de Engenharia e Tráfego). A liminar foi concedida pela juíza da 8ª Vara da Fazenda Pública de Salvador Aidê Ouais ao deputado estadual João Henrique Carneiro (PDT), em 18 de junho.
Nos últimos 34 dias, Salvador teve uma morte por acidente de trânsito a cada 24 horas. Antes da liminar, o intervalo era de 28 horas. "Temos observado que os motoristas geralmente passam o limite de velocidade permitido", disse o secretário de Transportes Urbanos, Ivan Barbosa.
O tempo médio de um atropelamento em Salvador também caiu -de 51 para 48 horas.
O deputado pediu a suspensão de todas as multas de radares e fotossensores alegando que a empresa contratada para o serviço recebia um percentual sobre cada notificação e que os fotossensores ficavam escondidos, sem sinalização para orientar os motoristas.
O procurador-geral da prefeitura, Graciliano Bonfim, disse que a liminar não é clara em relação à suspensão das multas. "Os equipamentos eletrônicos continuam ligados. Quando tivermos uma decisão favorável ao recurso impetrado pela prefeitura, as multas terão efeito retroativo, e os donos dos veículos terão que pagar."
O prefeito Antonio Imbassahy (PFL) negou qualquer tipo de irregularidade nos equipamentos eletrônicos. "A prefeitura paga R$ 11 apenas pelas fotografias que comprovam as irregularidades."
No ano passado, segundo Imbassahy, a prefeitura arrecadou cerca de R$ 8 milhões com as 111.390 multas aplicadas. "Em Fortaleza, cidade com população inferior à de Salvador, foram 324 mil multas, o que significa que não existe nenhuma indústria de multas na capital baiana." (LF)


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